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Astro de 'Sequestro do metrô', Denzel Washington não pegava um há 27 anos

G1

Estrela de “O sequestro do metrô”, thriller de ação que estreia neste final de semana no Brasil, o ator Denzel Washington diz que não pegava um há 27 anos.

"Andava de metrô desde os dois anos de idade e tinha duas horas de viagem por dia para escola. O metrô era como minha segunda casa. Portanto, como você pode imaginar, eu não estava com muita pressa de voltar a andar", brinca o ator em entrevista da qual o G1 participou em Los Angeles.

O filme de Tony Scott conta a história de Walter Garber (Washington), um controlador de tráfego do metrô que vê seu dia se transformar em um caos quando Ryder (John Travolta), um criminoso audacioso, sequestra um trem e ameaça matar seus passageiros a menos que o resgate seja pago no prazo de uma hora. Cabe a Garber negociar com Ryder que inicia um intenso duelo psicológico.

Esta é a quarta parceria de Denzel Washington com o diretor Tony Scott. Eles trabalharam juntos em “Maré vermelha”, “Deja vù” e “Chamas da vingança”. “É importante para mim me sentir à vontade com o cineasta com quem trabalho, e Tony e eu colaboramos bem. É fácil trabalhar com ele”, diz Washington em entrevista da qual o G1 participou, em Los Angeles.

Leia a seguir trechos da conversa.

Pergunta – Já houve uma versão de “O sequestro do metrô” lançada em 1974, dirigida por Joseph Sargent com Walter Matthau e Robert Shaw? Você conhecia o filme?
Denzel Washington –
Sim, conhecia. Mas não acho que tenha visto quando jovem. Tudo o que sabia era que o personagem era um policial. Aí eu disse ao Tony Scott, não quero ser um policial outra vez. Sugeri ser um cara comum e ele concordou. Tony e eu somos grandes fãs de pesquisas, então fomos ao metrô ver como tudo funciona. Entramos no cérebro da operação e terminamos por conhecer uma pessoa na qual a história do meu personagem é levemente baseada. Esse cara se meteu em uns problemas, pegou um dinheiro emprestado, bom, foi superinesperado, mas interessante. O papel seria o de um funcionário que teve uma posição melhor, mas a perde e volta a trabalhar no despacho. Gostei disso, gostei que ele está acima do peso, que derrama café na camisa, que não sabe o que fazer com uma arma na mão. Isso tudo me atraiu muito mais que interpretar outro policial.

Pergunta – Como foram filmadas as cenas entre você e John Travolta?
Washington –
Estivemos em salas separadas quase o tempo todo. Foi estranho, pois durante as três primeiras semanas de filmagens, eu estava no centro principal e John estava numa sala pequena com um microfone. Na segunda parte das filmagens, John estava no set dentro do trem e eu estava na salinha com o microfone. Portanto, tinha dias que eu o via pela manhã, e depois, só no final do dia, na saída. Na verdade, foi bom assim, pela natureza da relação dos nossos personagens. Eu adorei trabalhar com o John. Ele é um grande ator e uma das pessoas mais doces que já conheci.

Pergunta –Ao crescer em Nova York, como era a sua relação com o metrô? Quando foi a ultima vez que andou em um?
Washington –
Pois é. Andei quando a gente estava rodando o filme (risos). Acho que já devia fazer pelo menos uns 26 ou 27 anos que não entrava em um. Mas também já andava de metrô desde os dois anos de idade. Eu cresci em Mount Vernon e tinha duas horas de viagem por dia para escola. Era como minha segunda casa. Eu fazia tudo no metrô. Portanto, como você pode imaginar, eu não estava com muita pressa de voltar a entrar num metrô (risos).

Pergunta - Você fez questão que o seu personagem fosse um cara normal. Mas e o Denzel, consegue ter uma vida normal, ou sua vida é realmente extraordinária?
Washington –
Bom, a vida é ótima e viver é extraordinário. Eu sei que sou abençoado pela vida que tenho, mas não acho que eu sei o que é uma vida extraordinária. O que qualifica uma vida como extraordinária? Salvar vidas na África? Lutar pelo seu país? Não sei. Sou somente um ator e o que eu faço é de vez em quando sentar numa sala e dar entrevistas (risos). E até isso, não faço com tanta frequência. Na verdade, acho que a última vez foi há mais de um ano e meio. E, nesse tempo, tenho tido uma vida bem comum, educando meus filhos e trabalhando.

Pergunta – Você também é diretor. O que procura aprender nas filmagens com os diretores com quem trabalha?
Washington –
Acho que agora sei o que procurar. A primeira coisa que aprendi foi dar valor ao que eles fazem. Não sabia o quanto era difícil, a quantidade de horas que eles trabalham, o esforço deles. Acho que, pela ausência de uma palavra melhor, me tornei mais tolerante. E descobri que não entendo nada do processo de se fazer um filme. Estou tentando aprender observando a preparação das cenas e coisas assim.

Pergunta- Há diferenças nos filmes que você gostaria de dirigir em relação aos filmes em que você atua?
Washington –
Quando escolho um projeto como diretor, sem soar clichê, procuro pelos temas em que normalmente Hollywood não estaria tão interessada. E eu nem saberia como fazer um filme como “O sequestro do metrô”. Isso é o que Tony Scott faz de melhor. Eu tenho a formação de ator, não de cineasta. Presto atenção nas filmagens e procuro aprender, mas não é o meu forte. Meu talento está na atuação. É o que procuro nos meus projetos como diretor.

Pergunta – Você acaba de trabalhar com o seu filho em “Book of Eli”. Como foi a experiência?
Washington –
Meu filho mais velho, John David, é co-produtor, e ele queria muito que eu fizesse esse filme. Um filme extremamente espiritual. Eles não me deixam contar muito a história (risos) mas é sobre um homem que anda pelo país com um livro sagrado levando sua mensagem aos que precisam. E sobre o bom e o mau, o abuso do poder e do espirito. Como John David estava muito animado com esse projeto e tinha ótimas ideias para o filme, ele acabou me convencendo a participar.

Pergunta – Os seus outros filhos também se interessam pelo meio artístico?
Washington –
Minha filha está fazendo um estágio em edição. Todos meus filhos são meio que cinéfilos, eles assistem a milhares de filmes, muito mais do que eu. Minha filha caçula vai para uma escola de atuação. Ela é inclusive muito boa atriz. Ainda bem, pois eu lhe havia dito que seria honesto com ela (risos). Sou um pai orgulhoso. Sempre digo aos meus filhos, faça o que você gosta e o que tem paixão. Não entre numa carreira pelo dinheiro, bem, a menos que seja este o seu interesse (risos) que por sinal é o que um dos meus filhos quer. Sua motivação é ganhar dinheiro (risos). Então digo, manda ver, se é isso que te faz feliz, seja qual for sua paixão.
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