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Mães e filhos relatam sentimentos após vacinação e renovam votos de amor em família

Da Redação

O Dia das Mães deste ano promete ser de muito amor e esperança de dias melhores para milhares de famílias cuiabanas, cujas matriarcas já receberam ao menos a primeira dose da vacina contra a covid-19, mesmo que o distanciamento social ainda seja uma necessidade, uma vez que a pandemia ainda não acabou. Somente o fato de irem aos polos de vacinação tem sido uma oportunidade dessas mães reencontrarem com os filhos e netos, pois muitos deles vão acompanhados de familiares.

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É o caso de Laurinda de Carvalho Rodrigues, 60 anos, mãe de duas filhas de 38 e 26 anos de idade e avó de cinco netos, que foi levada pela filha caçula e pelo neto Rafael Francisco Rodrigues de Souza, 20 anos, para tomar a primeira dose da vacina no polo SESI Papa. “Fiz o isolamento, moro praticamente na chácara, então não venho muito pra cidade, não. Eles que vão mais para lá. Eles não deixavam eu vir pra cidade, eu ficava isolada, mas eles sempre iam me ver”, conta dona Laurinda.

O ano pandêmico para ela foi de muito sofrimento, com a perda de três tios, duas sobrinhas, além de amigos e conhecidos para a covid-19. “Tenho amigos que ainda estão internados, intubados, passando por momentos difíceis em suas famílias, mas tenho esperança que todo mundo tome [a vacina] e sare, que fiquem bem”, afirma. 

O neto de Laurinda, Rafael Francisco, conta que ficou muito feliz em levar a avó para ser vacinada. “Espero que dê tudo certo e que isso possa ajudar muito. Ela é muito especial, a gente ama muito ela e está sempre cuidando e zelando. Espero que isso passe logo”, desejou o jovem. 

Cuidados das filhas profissionais da saúde

Quem também contou com todo o cuidado das filhas - Dulce, 45; Carlina, 43; e Claudineia, 40 – foi a dona de casa Adail Santana Pinheiro de Queiroz, 64 anos, cujas filhas e uma neta são todas profissionais da saúde e sabiam muito bem do risco de manterem o contato com a mãe, no momento de alto contágio pelo coronavírus. “A gente que é da área da saúde já tomou as doses da vacina. E por ela não ter tomado ainda a gente manteve uma distância dela pra gente não transmitir pra ela porque a gente não sabe ao certo o que poderia acontecer. Ela tem diabetes, problema de pressão, alguns problemas que exigem distância, mas sempre estivemos olhando, cuidando. Minha filha também é da área da saúde então sempre estivemos juntos com ela, na medida do possível”, conta Carlina Queiroz de Souza, que é lactarista em UTI neonatal. 

Ao levar a mãe para ser vacinada, Carlina aproveitou para expressar tudo o que dona Adail representa em sua vida. “Ela é uma referência pra mim por tudo o que ela já passou. Me dá muita força! Cada vez que eu tenho algum problema, só de estar olhando pra ela, muitas vezes sem nem conversar, mas só de olhar como ela é, o que ela já passou, isso nos motiva, faz a gente seguir adiante porque a vida não é fácil pra ninguém, por tudo o que a gente passou e estamos aí. Eu espero muitos e muitos anos a gente continuar. Não imagino jamais não ter ela por perto porque ela me representa tudo! Tudo de bom pra mim!”, declarou, emocionada. 

Segunda chance

A dona de casa Vanusa Arcanjo da Silva, que acompanhou a mãe Isvaldina Ferreira Guedes, 60 anos, na vacinação no polo SESI Papa, contou que não vê a hora de sua mãe tomar a segunda dose pra poder voltar a reunir toda a família. Ela conta que sua mãe, que teve 6 filhos, precisou deixá-los com a avó para poder trabalhar e o vínculo acabou sendo perdido, sendo retomado muitos anos depois. 

“Ela é uma guerreira! Pra mim ela representa tudo, uma benção porque foi uma segunda chance que Deus me deu de conhecer a minha mãe verdadeira porque eu não fui criada com ela, eu fui criada pela minha avó. Eu fui conhecer ela com 15 anos, ela deixou a gente para poder trabalhar, pra dar o pão de cada dia pros filhos porque a vida dela não foi fácil. E o meu amor é muito grande, amo minha mãe, dou valor pela pessoa que ela é, porque ela é muito guerreira”, declarou.

Amor de mãe

Etelize da Silva Cruz, 63 anos, mãe de um casal de adultos, foi com a filha e a neta se vacinar e contou que estava preocupada com o filho, que já pegou covid-19, mas ainda não foi contemplado em nenhum grupo prioritário da vacina. “A gente é mãe, a gente fica pensativa, fica preocupada, mas, vamos levando”, disse. Ela não contraiu a doença, pois sempre manteve o isolamento social. “Foi um ano muito triste, tive que ficar longe, falando só pelo vídeo. Em nome de Deus, vamos nos reunir quando isso passar”, afirmou esperançosa. 

A filha de Etelize, a psicóloga Edileuza Aparecida Silva Cruz, conta como foi o ano pandêmico para sua família: “Minha mãe é uma pessoa muito importante. Ela é muito batalhadora, muito guerreira, muito dura, dificilmente fica doente. Essa pandemia assustou ela demais porque ela ficou longe das pessoas que são as irmãs, que é uma rede de apoio pra ela e ela teve que ficar separada. Meu irmão e eu moramos perto, então a gente fez uma rede de apoio apenas nós. Então ela teve contato com a gente esse tempo todo, mas ela ficava com medo de receber pessoas. Da gente sair, de ficar doente. Qualquer gripe, qualquer dificuldade que aparecia, ela estava com muito medo de sair de casa, insônia. Mas a minha mãe é muito forte, muito batalhadora, muito corajosa”. 

Inversão de papéis 

A psicóloga Edileuza Cruz destaca ainda que o ano de pandemia foi um período em que houve uma inversão de papéis entre pais e filhos, em relação aos cuidados. “Eu acho que é desse momento social. Realmente parece que eles [os pais] estão um pouco mais dependentes, precisando da gente, até por conta da tecnologia para fazer o cadastro, para saber o que está acontecendo, saber dessas notícias que saem, nem todas são verdadeiras. Então eles precisam muito da gente pra ajudar nesse discernimento também porque tem que filtrar essas notícias, que acabam abalando muito eles. A necessidade da presença dos filhos é justamente para ajudá-los a entender tudo isso porque é um outro modo de vida, pensando neste momento social também”, avalia.
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