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Família diz que Bope matou empresário por engano: "não tem explicação"

Da Redação - Fabiana Mendes

A família do empresário Luiz Miguel Melek, 40 anos, afirma que ele foi morto por engano pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), na quinta-feira (10), na cidade de Nova Bandeirantes (1.026km de Cuiabá). Ele é sócio-proprietário de uma oficina de motos da cidade de Alta Floresta, que emprega 15 funcionários, e não tinha passagem criminal.

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“Jamais que meu irmão teria envolvimento com algo desse tipo. O povo de Alta Floresta tudo conhece meu irmão e sabem da nossa capacidade, do tanto de gente que a gente ajuda, o tanto que a gente trabalha, não tem explicação”, disse o irmão Dinho Melek, bastante emocionado, em entrevista à TV Nativa, filial da Rede Record de Alta Floresta. 

A Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (SESP-MT) informou que quatro bandidos atiraram contra os policiais, que revidaram. As equipes ainda tentaram prestar socorro, mas eles morreram. A operação também resultou na recuperação de R$ 167 mil do valor roubado na modalidade Novo Cangaço das agências do Sicredi e Sicob.

O empresário teria chegado recentemente do Paraná e teria ido fazer frete de óleo para uma região de garimpo na manhã de quarta-feira (09). Durante a noite, Luiz mandou mensagem para esposa e na manhã do dia seguinte também. O empresário teria relatado que chegaria em Nova Bandeirantes por volta das 14h.

“Na correria com o trabalho da oficina, não me importei muito porque da última vez que ele ficou dois dias sumido, a caminhonete dele quebrou e ele não tinha comunicação. Mas por volta das 18h, que fechei a oficina, o coração começou a apertar. De repente, chegaram amigos falando que era o corpo dele que estava envolvido [no confronto]. Também mandaram fotos dele no grupo e circulou na internet”, acrescentou.

O irmão ainda disse que a dor foi maior porque ele foi colocado como suspeito de cometer um assalto na modalidade Novo Gangaço. "Foi muito chocante. Você anda pela cidade e todo mundo falando, na internet também, que são quatro bandidos. Meu irmão não é bandido”, afirmou.

O pai da afilhada de Luiz, Manoel Gildo, também contou que ele nunca teve envolvimento com o crime. “Eu sou padrinho da filha dele. Uma pessoa que tem capacidade muito grande de ajudar as pessoas, bem humana”, disse.

A família suspeita que ele tenha sido pego como refém pelos bandidos durante a fuga pela mata. “Não tem outra explicação”, finaliza o irmão. 

Procurada pelo Olhar Direto, a Polícia Militar disse que, por enquanto, não irá se pronunciar, pois a identificação e investigação é feita pela Polícia Civil mediante laudos técnicos.

Dos quatro mortos, três foram identificados, sendo um deles o empresário. Um deles é Romário de Oliveira Batista, 35 anos. Ele é natural de Angical do Piauí (PI) e possui antecedentes criminais no Estado da Bahia por furto e em Pernambuco por roubo.

O último identificado é Maciel Gomes de Oliveira, 37 anos. Ele possui histórico criminal e penal em Pernambuco por furto qualificado, porte ilegal de arma de fogo e roubo. Além disto, o homem seria um dos integrantes do 'Bando do Márcio Gordo', que atua em assaltos a banco naquela região. 

Maciel foi solto em junho de 2016. Em Mato Grosso, foi abordado em maio deste ano, por policiais militares de Sinop, em ação de apoio à Polícia Rodoviária Federal (PRF), em virtude da suspeita do seu envolvimento com tráfico de drogas utilizando um automóvel. 

O homem foi conduzido, mas acabou sendo liberado posteriormente, seguindo para a região de Alta Floresta.

O último morto ainda não foi identificado.  

Confronto

O Bope foi acionado pela Força Tática, após os criminosos evitarem uma barreira e fugirem em uma caminhonete. Os policiais do Bope coletaram as informações e foram em busca dos suspeitos no meio da mata. Em dado momento, a equipe do Bope foi surpreendida por disparos de arma de fogo e iniciou-se um confronto armado. Quatro suspeitos foram atingidos.

Em fotos, que não serão publicadas pelo Olhar Direto, é possível notar que pelo menos dois dos criminosos foram atingidos por disparos na cabeça e também em outras partes do corpo. 

Com os bandidos foram encontradas roupas militares, armas e parte do dinheiro do roubo. As buscas, iniciadas há 6 dias, vão continuar até chegar a todos os envolvidos no crime da modalidade de Novo Cangaço.

A operação também continua por tempo indeterminado, com barreiras e incursões nos locais onde houve relatos de indícios e informações de presença de criminosos.
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