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Wilson compara pesca esportiva à vaquejada e briga de galo: “diversão com o sofrimento alheio”

Da Redação - Isabela Mercuri / Airton Marques

O deputado estadual Wilson Santos (PSDB) comparou a pesca esportiva à vaquejada e à briga de galo, ao afirmar que estas são formas de “diversão com o sofrimento alheio”. O argumento foi dado durante live no Instagram do Olhar Direto, quando o parlamentar se posicionou contrário à lei 11.486, que proíbe a pesca profissional no Rio Manso e região, permitindo só o chamado “pesque e solte”.

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“Na Suíça e na Alemanha a pesca esportiva foi proibida, porque os alemãs e os suíços consideram um lazer com crueldade. Uma diversão fazendo do peixe um brinquedo. O peixe é um animal que também sente dor. E a pesca esportiva fura o olho do peixe, arrebenta com a guelra do peixe, ela rasga o estômago do peixe. E há estudos que demonstram que mais de 80% dos peixes pescados na pesca esportiva morrem. São triturados por piranhas, por dourados, por tilápias, por peixes carnívoros e predadores. Então esse aspecto começa a tornar-se relevante mundialmente, de que não dá para se divertir com o sofrimento dos animais. A vaquejada já foi proibida em Santa Catarina, a briga de galo já foi proibida há muitos anos, e agora os países mais evoluídos, as sociedades mais avançadas, esse tipo de diversão com o sofrimento alheio”, afirmou o tucano.
 
A lei, de autoria do deputado estadual Max Russi (PSB), já foi aprovada e sancionada, mas após polêmica levantada por Wilson, pode vir a ser cancelada e perder o efeito. Santos afirma que o texto da lei foi modificado antes de ser levado para votação em plenário. “Se apresentou um projeto de proibir a pesca da barragem de Manso 5km para cima e 5km para baixo. Eu levei esse projeto ao conhecimento da comunidade científica, dos doutores em peixes, dos doutores em rios, e eles disseram: é uma boa, pode votar favorável. Então nós sinalizamos que votaríamos favoravelmente ao projeto. Mas no tramitar da matéria ela foi completamente mudada. Manteve-se só o cabeçalho. Ao invés de criar-se uma zona de proteção, uma área de proteção aos peixes, um berçário, por exemplo, o deputado mudou o projeto na Comissão de Meio Ambiente e proibiu a pesca num trecho de mais ou menos 80km no rio Manso e também em toda a extensão do Cuiabazinho, permitindo apenas a pesca esportiva dessas reunião”, explicou.
 
O tucano explica que esta mudança foi feita sem que fossem ouvidas as comunidades tradicionais, os pescadores ou a comunidade científica. Após uma audiência pública realizada recentemente, ficou decidido que os efeitos da Lei 11.486 foram suspensos até o final da piracema, e neste intervalo a Assembleia irá visitar as comunidades tradicionais e ouvir os pescadores para tomar uma posição final. Wilson acredita, inclusive, que a maioria dos deputados irá optar por manter a sua suspensão.
 
“É mais um projeto sem planejamento, sem ouvir a base, num assunto importantíssimo da pesca. Como é que você diz para 300 famílias ou mais que a partir do dia 29 de agosto eles estão proibidos de exercerem suas profissões? Eles estão proibidos de pescar, transportar e comercializar? Coisas que fizeram  ao longo de décadas, com toda sua família por mais de um século. Não é assim que constrói lei. Você tem que vir de baixo para cima, tem que ouvir os donos de pousadas? Tem que ouvir. Tem que ouvir os pescadores tradicionais? Tem que ouvir. Tem que ouvir os representantes das comunidades? Tem que ouvir. Tem que ouvir o parlamento? Tem que ouvir, então a quem mais interessa não foi ouvido, e teve esse problema, esse curto-circuito”, argumentou.
 
Enquanto o tema é debatido na Assembleia, Wilson afirma que o Executivo ainda não se pronunciou, apesar de acreditar que é possível implantar a pesca esportiva no estado. “Eu até há pouco tempo pensava que era possível você fazer vários sítios de pesca esportiva no Pantanal, na região de Cáceres, em Barão de Melgaço, em Santo Antônio, no Araguaia, em Alta Floresta, enfim. Mas agora conhecendo mais literatura e atualizando sobre a pesca esportiva eu me deparei com esse novo fenômeno, de que ela começa a ser combatida pela juventude, pela mocidade, que não vê graça nenhuma em você estourar com os peixes para se divertir, para tirar fotografia, fazer um selfie com o peixe, beijando o peixe, e alguns até ensinando os filhos que isso é correto. Então colocou uma minhoca na minha cabeça: será que realmente isso é correto, é humano fazer isso com os peixes? Então eu acho fundamental que daqui até o final da piracema a gente possa colocar este tema na agenda da Assembleia e do Parlamento Estadual”, afirmou.
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