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Jobim classifica de "retrocesso absoluto" possível retorno do voto impresso

Folha Online

O ministro Nelson Jobim (Defesa) classificou nesta quinta-feira de "retrocesso absoluto" a possibilidade do Congresso recriar o voto impresso nas eleições. Jobim disse que o voto em papel, que seria impresso com o resultado das urnas eletrônicas, traz de volta ao país a "insegurança" de eleições passadas.

"Isso representa um equívoco, o retorno a um modelo passado. Usando uma expressão que é muito entendida no Rio Grande do Sul, neste caso estariam misturando jaguatirica com cobra d'água", afirmou.

Na opinião do ministro, o voto impresso "viabiliza a fraude" uma vez que haverá a conferência manual dos resultados das urnas eletrônicas. "Isso é mexer em planilha, voltar uma tradição que já foi superada há muito tempo", afirmou.

O texto da reforma eleitoral, aprovado na Câmara, previa a impressão dos votos das urnas eletrônicas após a confirmação de cada eleitor a partir das eleições de 2014. A urna eletrônica, encerrada a votação, imprimiria boletim com o resultado das votações para todos os cargos e respectivos candidatos votados.

No Senado, os parlamentares aprovaram emenda que acaba com o voto impresso. O texto dos senadores determina que, se houver necessidade de auditagem nas urnas eletrônicas, o conteúdo digital terá que estar disponível para conferência até seis meses depois das eleições. Pelo acordo, não há possibilidade de voto em trânsito se o eleitor não estiver no Estado que é seu domicílio eleitoral.

O deputado Flávio Dino (PC do B-MA), relator da reforma eleitoral na Câmara, sinalizou que os deputados podem restituir o voto impresso quando o texto retornar para a análise dos deputados --o que irritou Jobim. "Acho um retrocesso absoluto", resumiu o ministro.

Votação

O Senado deve analisar esta tarde os temas polêmicos da reforma eleitoral, como as restrições para os sites jornalísticos atuarem no período das eleições. Por falta de quorum, o plenário adiou a análise de mais de 80 emendas ao texto principal da reforma eleitoral --que foi aprovado nesta quarta-feira pelos senadores.

Emenda dos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Marco Maciel (DEM-PE) restringe a atuação de sites jornalísticos durante o período eleitoral. A emenda proíbe sites e portais de jornalismo de "fazer propaganda eleitoral de candidato, partido político ou coligação". Pela emenda, fica vedado aos sites "dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação, sem motivo jornalístico que justifique".

A emenda proíbe ainda que sites divulguem pesquisas eleitorais com "manipulação de dados, ainda que sob a forma de entrevista jornalística". A multa para quem desrespeitar a regra varia de R$ 5.000 a R$ 30 mil.
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