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Notícias / Meio Ambiente

Imóveis rurais são responsáveis por 70% das 88,3 mil hectares de florestas exploradas ilegalmente em MT

Da Redação - Michael Esquer

O maior fornecedor de madeira nativa do Brasil e responsável por metade da produção total da Amazônia, Mato Grosso somou mais de 88,3 mil hectares de florestas exploradas ilegalmente entre agosto de 2019 e julho de 2020. Desse total, 70% foi registrado em imóveis rurais cadastrados. 

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Os dados fazem parte do estudo "Mapeamento da ilegalidade na exploração madeireira em Mato Grosso em 2020", lançado nesta sexta-feira (22) pela Rede Simex, que reúne Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável (Idesam) e o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). 

O levantamento aponta que, embora com tendência de redução dos últimos anos, a proporção de ilegalidade segue em um preocupante patamar de 38% do total de áreas exploradas no período - ou seja, de cada dez hectares explorados no Estado para atender ao mercados nacional e internacional de madeira, em torno de quatro não foram autorizados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema/MT). 

O número da ilegalidade representa um aumento de 10% em relação ao ano passado, que somou 37% do total da exploração madeireira feita de forma ilegal entre 2018 e 2019. 

A atividade madeireira no estado é base econômica de 44 municípios e contabiliza 3,8 milhões de hectares de área sob manejo florestal, com cerca de 90 mil postos de trabalho diretos e indiretos. Com toda sua relevância socioeconômica e ambiental, o setor florestal tem o desafio de se ver livre das práticas ilegais. A publicação aponta que o índice é preocupante. 

“O suficiente para contaminar e impedir a valorização e comprovação da produção legal, criar uma concorrência desleal para as empresas que trabalham na legalidade e acarretar uma série de prejuízos ambientais, como a perda da biodiversidade e de serviços ecossistêmicos e a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs) que contribuem para o agravamento da crise climática”, discorrem os pesquisadores. 

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Imóveis rurais cadastrados correspondem a maior parte da extração ilegal

De acordo com o estudo, da área total explorada ilegalmente, que somou 88,3 mil hectares, 61,6 mil hectares (70%) incidiram em imóveis rurais cadastrados, seguido pelas áreas sem categoria fundiária definida com 12,5 mil hectares (14%), 6 mil hectares em terras indígenas (7%), 4,7 mil hectares em unidades de conservação (5%) e 3,5 mil hectares em assentamentos rurais (4%). 

“A maior parte da exploração madeireira ilegal se dá em imóveis rurais já cadastrados, então é possível autuar e responsabilizar os envolvidos com a exploração madeireira ilegal, utilizando inclusive tecnologia para autuação remota, como a Sema/MT tem feito recentemente no combate ao desmatamento”, comenta Vinícius Silgueiro, coordenador de inteligência territorial do ICV e um dos autores da investigação. 

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A ilegalidade nos imóveis cadastrados ocorreu em um total de 469 imóveis. Do total, 100 imóveis responderam por 60% da área explorada ilegalmente nessa categoria. 

Da área total explorada de forma ilegal em imóveis cadastrados, 67% estão em imóveis que já possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR), Licença Ambiental Única ou Florestal (LAU/LF) ou ambos, mas não detinham autorização para exploração, mostra o estudo. 

“Há ainda situações em imóveis com autorização, mas onde a exploração foi realizada fora do período de validade (13%) ou além da área autorizada (17%). Ou ainda, em Áreas de Manejo Florestal (AMF) e/ou Unidade de Produção Anual (UPA), mas sem autorização (3%)”, aponta a publicação. 

Os dez municípios com mais áreas florestais exploradas ilegalmente representam 67% do total de exploração ilegal em 2020 em Mato Grosso. Nesse período, os 33% restantes ocorreram de forma distribuída entre outros 38 municípios. 

Entre os municípios com mais ilegalidade em 2020, Marcelândia chama a atenção, liderando como o município com maior área explorada ilegalmente e fora do ranking dos municípios com maior exploração legal. 

É necessário, recomendam os pesquisadores, “ampliar a fiscalização nas indústrias processadoras localizadas nos municípios e áreas críticas de exploração ilegal já identificadas.” 
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