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Garimpeiros mantêm grupos com até 200 pessoas na ‘corrida pelo ouro’ e usam tática do tráfico para fugir da polícia

Da Redação - Wesley Santiago

Os garimpeiros que buscam o suposto eldorado existente na região de Pontes e Lacerda (443 quilômetros de Cuiabá) estão cada mais vez organizados, segundo as investigações da Polícia Federal. Nos grupos com até 200 pessoas, são trocadas informações sobre locais em potencial para encontrar ouro. Além disto, eles têm utilizado a tática do foguetório, igual ao feito no tráfico de drogas, para que as pessoas fujam antes da chegada das autoridades na área.

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Neste ano, a Polícia Federal e o Ibama fizeram cinco operações para reprimir este tipo de crime ambiental em Mato Grosso. Ao todo, foram apreendidas 41 pás escavadeiras e 140 motores estacionários.
 
O movimento no local se intensifica com as mensagens (fofocas do ouro), que começam a circular por grupos de WhatsApp, que chegam a ter até 200 membros. “Agora a informação corre rápido, verdadeira ou falsa. Tem grupos do WhatsApp com até 200 membros, trocando informações sobre garimpos. Dizendo que em tal local achou ouro e as pessoas correm. Saem de um local para outro”, disse o superintendente da Polícia Federal, Sérgio Sadao Mori.
 
Até antenas de internet via satélite são colocadas na região do garimpo. A maioria dos que buscam o eldorado são de outros estados, tendo pessoas de todas as regiões do Brasil.
 
Nas cinco operações realizadas nesta região de Sararé, em Pontes e Lacerda, apenas uma pessoas foi presa em flagrante, ao tentar fugir com uma máquina. “Estão utilizando a mesma tática do tráfico de drogas, fazendo uso de fogos de artifício para avisar sobre a chegada da polícia. Depois, fogem para o meio da mata. Deixam os pertences, com anotações de transações comerciais e só saem levando o ouro que conseguiram”, disse o delegado Roberto Moreira da Silva Filho.
 
Porém, as operações são consideradas um sucesso justamente pelo fato da inutilização e apreensão das 41 escavadeiras, que fazem um estrago muito grande ao meio ambiente. Em um ano, o dano feito na região do garimpo de Sararé é de aproximadamente 30% do feito no de Serra Pelada, que ocorreu na década de 1980. O total impactado é o equivalente a dois mil campos de futebol.

Prejuízo

Somente na “Operação Alfeu III” o prejuízo que a Polícia Federal deu ao crime foi de R$ 20 milhões. na Terra Indígena (TI) Sararé. Na primeira fase da ação, o montante foi de R$ 13,5 milhões.

Serra pelada
 
Serra Pelada foi o maior garimpo do Brasil cuja exploração se deu principalmente de 1980 a 1983.
 
Localizado na Serra dos Carajás, no Pará, era um morro sem vegetação de 150 m2. Atualmente, só resta uma cratera de 24 mil m2, com 70 a 80 metros de profundidade, que as águas transformaram num lago poluído de mercúrio.
 
Calcula-se que foram extraídos cerca de 45 toneladas de ouro desde sua inauguração até o fechamento oficial em 1992.
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