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Deputado quer CPI para investigar compra de caças franceses

Folha Online

O deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) vai dar início à coleta de assinaturas na Câmara para a instalação de CPI para investigar a compra de equipamentos militares franceses pelo governo brasileiro. Além de iniciar as negociações para a compra de 36 aviões caça da França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou acordo com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, para comprar helicópteros e submarinos.

"O que defendo é que essas coisas relativas às compras sejam colocadas de forma clara. Há uma decisão política antes de um parecer técnico. O Executivo não deu explicações ao Congresso", afirmou Itagiba à Folha Online.

Itagiba quer esclarecer detalhes da compra, além da suspeita de que um representante do Ministério da Defesa brasileiro teria se hospedado na casa de um fornecedor dos armamentos durante viagem à França. Para que a comissão seja instalada, o deputado precisa ter o apoio de, no mínimo, 171 deputados ao requerimento de instalação da CPI.

O peemedebista também quer explicações do governo sobre o fato de o ministro Nelson Jobim (Defesa) ter desautorizado o presidente Lula publicamente no episódio dos aviões caça. Depois de Lula anunciar o início das negociações com a França para a compra das aeronaves, Jobim disse que o Brasil ainda mantém as conversas com os Estados Unidos e a Suécia para a compra dos caças.

"O que achei mais estranho é o ministro da Defesa desautorizar o presidente. Se não há uma escolha técnica, como fazer uma escolha política? Gastar R$ 20 bilhões sem concorrência não é possível", disse Itagiba.

Acordo

Na segunda-feira, Lula e Sarkozy fecharam acordo para dar início às negociações de compra dos caças da francesa Dassault. Os dois países também acertaram a compra, pelo Brasil, de helicópteros, submarinos convencionais e a tecnologia para desenvolver um modelo de propulsão nuclear.

Com a compra dos 36 caças, será adicionada uma conta que pode chegar a R$ 10 bilhões ao acordo acertado com a França, de R$ 22,5 bilhões, a serem pagos em 20 anos.

Segundo a Folha apurou, Lula se precipitou no jantar com Sarkozy no domingo à noite e queimou etapas do processo de seleção, o que irritou o Comando da Aeronáutica e deixou Jobim no fogo cruzado.

Após o mal-estar no governo, a FAB (Força Aérea Brasileira) disse as empresas que estão na disputa poderão melhorar suas propostas. Em nota divulgada hoje, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, disse que a FAB fará a "análise técnica" do processo de compra e que o governo vai analisar a parte "política e estratégica".

Saito adotou o mesmo discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a compra dos caças. Hoje, em entrevista em Ipojuca (PE), Lula deixou claro que a decisão sobre a aquisição dos aviões é política e estratégica e será tomada pelo presidente da República.
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