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Notícias / Agronegócios

Percival Muniz chama donos de frigoríficos de ''pilantras''

Da Redação/Alline Marques

O deputado Percival Muniz (PPS), sem travas na língua, não perdeu a oportunidade de chamar os donos de frigoríficos de “pilantras” durante a audiência pública da Comissão de Indústria e Comércio, na Assembléia Legislativa, realizada nesta quarta-feira (18). Já Adauto de Freitas (PMDB), o Daltinho, alertou para o uso de laranjas nas administrações dessas empresas, que utilizam-se da recuperação judicial para propagar o calote nos pecuaristas.

“Nada melhor do que a recuperação judicial de um frigorífico, que tem em mãos um capital de giro de R$ 35 milhões do pecuarista no mês. Portanto se ele compra gado de 10 pecuaristas, ele tem R$ 350 milhões no mês para pagar em 30 dias. Mas ai ele entra com o pedido de recuperação e não paga”, criticou Percival.

O deputado, que também é pecuarista, explicou ainda que esta é um prática rotineira entre os frigoríficos do Estado. Segundo eles, após a empresa entra com o pedido de recuperação, abre-se outra com novo nome e dono, que geralmente é parente.

“O ‘cara’ fala que não tem nada a ver com o outro parente, abre outra empresa, fica um ano ou dois para ganhar a confiança do pecuarista e faz a mesma coisa. Daí eles ainda fazem pressão no Senado para conseguirem crédito e tudo continua bem, com ele fazendo a mesma coisa”, reclamou.

Já Daltinho, que também é pecuarista em Barra do Garças, denuncia o uso de laranjas nos frigoríficos. Segundo ele, muitas vez nem mesmo na documentação da empresa os nomes batem, porém nada é feita e o esquema é muito bem montado.

Somente este ano, quatro empresas de frigoríficos entraram com pedido de recuperação judicial que resultou no fechamento de 14 plantas em Mato Grosso.

Como solução, Percival defendeu a criação de um fundo para garantir que o pecuarista receba mesmo que a empresa quebre, pois o dinheiro aplicado no fundo seria usado para essa finalidade.

Atualmente, pela lei de recuperação judicial, com o fechamento do frigorífico a prioridade de pagamento é a dívida trabalhista, seguida dos credores, impostos e por último o pecuarista. O problema é que esse processo é demorado e às vezes leva 15 anos para que o produtor receba o valor da dívida.

O Percival também cobrou uma maior atuação do Estado e do governador para impedir que o maior setor da economia mato-grossense quebre. “O Estado precisa intervir. Não pode permitir que o frigorífico feche, tendo o boi para matar. É preciso pegar o gado e repassar a uma entidade do setor para que faça o abate e possa exportar. Com isso, o pecuarista não perde dinheiro, o gado não fica perdido e se mantém a economia aquecida”, explicou.

Percival também criticou a postura do governo no período da greve do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), que ocorreu no melhor momento de comercialização do gado. “Por várias vezes solicitei nesta Casa (Assembléia Legislativa) para que o governo fizesse uma parceria com as Prefeituras e substituíssem os fiscais do Indea, porém nada foi feito e deixou-se o pecuarista 60 dias sem poder vender. Quando iniciou a comercialização, veio a quebra dos frigoríficos”, reclamou.
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