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Caciques que vivem na Terra Indígena Marãiwatsédé ameaçam bloquear estradas por falta de alimentos e remédios

Da Redação - Bruna Barbosa

Cacique de 14 aldeias da etnia Xavante, que vivem na Terra Indígena de Marãiwatsédé, entre Alto Boa Vista e Bom Jesus do Araguaia, alertaram sobre possível bloqueio de estradas e pontes por conta da falta de recursos para compra de alimentos e remédios. Os indígenas se reuniram nesse domingo (18). 

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De acordo com as informações enviadas pela assessoria, o posto de saúde da aldeia atende quase 2 mil indígenas. Há meses as liderenças alertam para o risco de escassez de comida e remédios na terra indígena. 

"Sinto muito de falar. Eles (caciques e cacicas) decidiram que se não houver a vossa atenção, com maior urgência, eles se manifestam de bloquear estradas e interditar pontes", afirmou o cacique José de Arimateia, porta-voz das lideranças.

"Sensibilizar com a solicitação, porque estou muito preocupada com as mulheres gestantes, porque não tem como pagar o exame de ultrassonografia, por isso te peço. Antes morria muitas crianças, até no ventre, mas com esse pagamento dos arrendatários melhorou condições de atendimento da saúde das mulheres", pediu a cacica Marta Cléria Pe'rãiwa da aldeia Cristo Rei.

Desde 2018 as famílias Xavante que vivem na Terra Indígena Marãiwatsédé  tentam viabilizar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto Ministério Público Federal (MPF) e Funai, mas a proposta não avançou. O apelo das lideranças era para que regularizasse a parceria estabelecida com pecuaristas da região para o uso dos pastos na terra indígena.

A Terra Indígena Marãiwatsédé possui mais de 165,2 mil hectares a nordeste de Mato Grosso e quando os indígenas retornaram para a área, em 2013, 70% já era pasto. A parceria com os pecuaristas foi estabelecida em 2018, após anos de fome e miséria, mas por determinação da Justiça Federal os pagamentos aos indígenas estão bloqueados e as aldeias sem recursos.

Em julho juíza da Vara Federal de Barra do Garças, Danila Gonçalves de Almeida, autorizou a criação de gado na TI Marãiwatsédé, para agricultura familiar da comunidade, mas em recente decisão da Justiça Federal foi determinado o bloqueio de todo o patrimônio dos parceiros que usam o pasto na área, impedindo o pagamento aos indígenas.
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