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Lula se explica ao agronegócio, cita Blairo como exemplo e se diz a favor de proteção do homem do campo

Da Redação - Ulisses Lalio

O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu uma guinada à direita em busca de alianças junto ao setor do agronegócio e partiu para entrevistas e sabatinas em canais voltados para esse público. Nessa quarta-feira (21), concedeu entrevista ao Canal Rural e falou sobre temas sensíveis ao segmento. Pela primeira vez, Lula tratou de forma enfática sobre a questão das armas no campo e de temas como reforma agrária e desmatamento da Amazônia.

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Lula discursou em um tom amigável, mesmo sendo questionado sobre assuntos delicados do seu espectro político. Esse é mais um esforço de aproximação para buscar a eleição no primeiro turno. Uma vez que o setor é majoritariamente apoiador da campanha do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula fez ligação entre os avanços tecnológicos e investimentos em pesquisa contrapondo ao desmatamento da Amazônia e biomas sensíveis como o cerrado e o pantanal. Para isso, o ex-presidente citou que o Brasil é referência em desenvolvimento agrícola e citou o ex-ministro Blairo Maggi.  “O Brasil avançou muito nessa área, nós conseguimos produzir mais em menos terras. Hoje o boi não leva o mesmo tempo para o abate que há duas décadas atrás. Os especialistas de Cuba um dia me perguntaram como é que conseguíamos produzir tanto em nossas terras. Ai eu chamei o Blairo que recebeu essas pessoas com seus engenheiros e eles ficaram aqui no Brasil aprendendo”, comentou.

O ex-presidente afirmou que é legítimo que o homem do campo tenha uma ou duas armas para defender sua propriedade rural e não ficar vulnerável. “O que o povo precisa é educação e salário. Ninguém vai proibir que o dono de fazenda tenha uma ou duas armas. Eu sei que há roubo de gado à noite, de cavalo, de qualquer coisa. Você pode ter um segurança, você pode ter uma arma”, comentou Lula.

Contudo Lula foi enfático ao dizer que é preciso controle na questão do armamento. “Ninguém vai proibir que o dono de fazenda tenha uma ou duas armas. Agora, se ele tem 20, não é mais arma para defesa. Se tiver 30, pior ainda”, disse.

Sobre a reforma agrária Lula evitou criticar o Movimento dos Sem Terra (MST), mas usou a palavra ‘invadir’ e disse que a Justiça e o Incra é que definem se as terras ocupadas eram ou não improdutivas. “Se o cidadão invadir uma terra produtiva, a justiça vai proibir. Não dá para olhar o mundo de 2022 com olhos de 1980. O comportamento dos Sem Terra mudou muito desde essa época e eles estão investindo em arroz orgânico, tentando conquistar o mercado interno e o externo com seus produtos”, analisou.

Lula também foi questionado sobre o marco temporal, pauta que pode entrar em pauta no Supremo Tribunal Federal (STF). Lula disse que o agronegócio não precisa de mais terras para produzir. “Se a gente quiser manter a cultura indígena, nós precisamos que ele tenha mais terra. Não podemos querer trazer ele e fazer dele um cidadão de São Bernardo do Campo (SP) ou de Pirituba”, declarou, ao mencionar o município do ABC paulista onde vive há décadas e o bairro da periferia da zona norte da cidade de São Paulo.
 
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