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Sindicato dos jornalistas manifesta repúdio após equipe da Globo ser agredida por produtor rural em MT

Da Redação - Bruna Barbosa

O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) divulgou nota de repúdio contra o produtor rural Jorge Meinerz, da Algodoeira Cotton Jorge, após episódio em que ele agrediu e ameçou uma equipe da TV Centro América, em Lucas do Rio Verde (a 354 km de Cuiabá), na quarta-feira (21). 

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Na ocasião, o repórter Bruno Motta e o cinegrafista Alexandre Perassoli, produziam uma reportagem sobre combate a incêndios em algodoeiras na região. A Algodoeira Cotton Jorge foi uma das quatro que pegaram fogo em um mês. 

O Sindjor-MT repudiu a agressão e disponibilizou a equipe jurídica do sindicato para acompanhar o inquérito. Um boletim de ocorrência foi registrado após a tentativa de agressão e ameaças feitas pelo produtor. Parte do ataque foi registrado pela câmera do cinegrafista. 

"[O Sindjor-MT] coloca a Fundação “Vladimir Herzog” à disposição dos profissionais para a responsabilização do senhor Jorge Neimerz e, com isso, tomando providências para tais fatos não se repitam", diz trecho da nota. 

O sindicato tambem ressalta que a reportagem produzida pelos profissionais tinha caráter educativo e motivacional, para que outras algodoeiras pudesse evitar, dentro do possível, a ocorrência de incêndios.  

"É importante registrar que em 14 de setembro um incêndio já havia consumido 1.100 rolos de algodão, na mesma empresa e o que se buscava era uma reportagem, de caráter educativo e motivacional, para que empreendimentos dessa natureza, em outros locais, procurem evitar, dentro do possível, a ocorrência de incêndios desse tipo e até outros, com o reforço de medidas de prevenção e dos meios adequados de contenção". 

Produtor estava alterado 

O vídeo registrado pelo cinegrafista mostra Jorge chegando já alterado às margens da rodovia, onde Bruno gravava um trecho da reportagem sobre combate aos incêndios em algodeiras. 

"Tira essa câmera daqui, a propriedade aqui é particular. Apaga aí, estou cobrando os direitos autorais da imagem que você está querendo gravar. Eu estou calma, se você quer militar... então milita", afirmou o produtor. 

Exaltado, ele pedia para que os dois saíssem do local e mandou que Bruno entregasse o celular para ele. Jorge chega a ameaçar a dupla caso imagens mostrando a propriedade dele ao fundo fossem divulgadas. 

"Guarda o celular, sai para fora e guarda o celular. Guarda o celular e sai fora. Primeira coisa, você não teve minha autorização, a câmera está apontada para lá. Divulga essa imagem para você ver o que sobra para você", continua Meinerz. 

Bruno conta que ele o cinegrafista tentaram manter a calma para que Jorge também se acalmasse. O receio do repórter era de que alguma das ameaças se concretizassem naquele momento. 

"Manter a tranquildiade foi necessário por dois motivos. Estávamos trabalhando, como profissionais, não tinha como ser diferente. E ele estava muito alterado, não sabíamos o que poderia acontecer, essas ameaças que fazia como se tivesse algo para pegar nas costas poderia ser real, então se confrontassemos poderia acontecer algo". 

O repórter ressalta que outras situações de opressão já aconteceram enquanto ele trabalhava na região Norte de Mato Grosso. No entanto, foi a primeira vez que ele foi ameaçado e agredido durante a produção de uma reportagem. 

Reportagem sobre incêndios em algodoeiras 

A reportagem estava sendo produzida para o Globo Rural, para explicar sobre o risco de incêndio em algodoeiras e o combate realizado nessas situações. No último mês, quatro produções de algodão pegaram fogo, gerando prejuízo financeiro. 

"A produção começou na terça e acabou ontem, sobre algodeiras. Aqui na região, em um mês quatro algodoeiras pegaram fogo. Sabemos que o algodão tem esse problema, os rolos estão lá e começam a pegar fogo sozinhos por causa das temperaturas". 

No início da produção da pauta, Bruno tentou entrar em contato com Jorge para solicitar uma entrevista. Antes da situação, a equipe gravou com outro produtor de algodão da região que afirmou conhecer o produtor e se prontificou a ir com o repórter até o local para pedirem autorização. 

Bruno conta que um dos funcionários ligou para o produtou, que mandou a equipe sair do local imediatamente. Ele e o cinegrafista obedeceram. No entanto, Jorge apareceu exaltado na rodovia. 

"Tinham outras algodoeiras na região, continuamos o material ali na rodovia. Ele fez tudo que fez no vídeo. Foi pior, fomos ameaçados, ele fazia encenação como se fosse tirar algo das costas. Disse que nos buscaria em casa, me puxou do colarinho. Pegou o celular da emissora das minhas mãos, ameaçou que jogaria no chão. Foi uma situação patética". 

Veja o vídeo:
   
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