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Hospital Santa Rosa encerra atendimento obstétrico e médica lamenta: "triste por mulheres que perdem serviço de referência"

Da Redação - Bruna Barbosa

A notícia do encerramento do atendimento obstétrico no pronto atendimento do Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, a partir do próximo sábado (15), causou comoção nas redes sociais. A ginecologista e obstetra Juliana Abrão publicou uma carta aberta lamentando o fim do serviço. Para ela, gestantes encontravam segurança para ter um parto humanizado com a equipe do plantão na unidade de saúde. 

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Juliana ressaltou que, em seis anos, o serviço oferecido no PA do Hospital Santa Rosa provocou mudanças na forma de oferecer atendimento humanizado para as gestantes que davam entrada no plantão. 

"Hoje o dia terminou triste com essa notícia, triste não só para mim, profissional, obstetra que acredita e luta pelo direito a humanização do nascimento para mães e bebês. Mas, sobretudo, triste por muitas mulheres que, hoje, perdem um serviço de referência, um porto seguro e um lugar onde poderiam acreditar na segurança de ter seu bebê de forma humanizada", diz trecho da publicação no Instagram. 

A obstetra também lamentou que o encerramento do serviço é um "grande passo para trás" para Cuiabá. Juliana contou que, recém-formada, começou a trabalhar no PA do Hospital Santa Rosa e viu de perto a transformação do atendimento em referencia de humanização na Capital. 

"Com muitos pontos a serem melhorados? Sim. Mas, com uma equipe médica disposta a sempre fazer o melhor. Lutando de forma solidária para atender o fluxo da porta, as demandas do centro cirúrgico e a sala de parto. E ainda assim, com uma política de cuidar e tratar da melhor forma as pacientes de todos os colegas que prestigiavam o serviço". 

Na carta aberta, a obstetra destacou a importância do serviço para partos de emergência de alto risco que, muitas vezes, chegavam do interior de Mato Grosso. No PA, gestantes com covid também foram atendidas e tiveram acesso ao atendimento humanizado. 

"Com visitas bem feitas e muitos casos de difícil manejo, se tornando assim referência para muitos casos de alto risco aqui e para os pacientes vindas do interior (bolsa rota com bebês extremamente prematuros que tiveram lindas histórias, gestante com tumor intestinal, com malformação vascular cerebral, pacientes com trombose, partos multidisciplinares, devido diagnótisco de placenta com acretismo, condução de casos graves de pré-eclâmpsia) e muitos casos de covid)". 

Obstetra teve filhas no plantão do Hospital Santa Rosa 

No relato, Juliana compartilhou que teve dois partos no Hospital Santa Rosa e contou com apoio da equipe de plantão. Ela ressaltou que os profissionais respeitam a humanização na cesárea, mantendo o bebê perto da mãe e priorizando a presença do pai. 

"Eu choro hoje, são lágrimas de agradecimento e pesar. Não entendo nada de administração hospitalar, muito pouco de gestão ou de recursos financeiros e lucro. Mas, eu entendo de pessoas, de transformação, de oportunidade e acredito que temos a chance de mudar um pouco esse mundo pelo amor, respeito e cuidado, o começo de tudo é o começo da vida. Esses breves minutos tão frágeis e vulneráveis". 

Por meio de nota, o Hospital Santa Rosa informou que o atendimentos de partos eletivos ou naturais, além de outros procedimentos ginecológicos, acompanhados do ginecologista ou obstetra referenciado pela paciente seguirão normalmente após 15 de outubro. 

"O Hospital Santa Rosa possui sala de parto, centro cirúrgico e UTI Neonatal totalmente equipados e preparados para atender todas as pacientes", diz trecho da nota. 

Veja a carta aberta: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Dra Juliana Abrão (@drajulianaabrao)

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