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Empresário de Cuiabá liderou esquema de compra e venda de medicamentos falsos do Paraguai

Da Redação - Bruna Barbosa

O esquema de compra e venda de medicamentos falsos e sem autorização da Anvisa desarticulado pela Polícia Federal, era liderado em Cuiabá por um empresário, alvo de mandado de prisão na manhã desta quinta-feira (17). Na casa dele foram apreendidas unidades dos remédios que eram importados do Paraguai e distribuídos em território nacional. 

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O delegado de Combate ao Crime Organizado em Mato Grosso, da Polícia Federal, Jorge Vinícius Gobira Nunes, explicou que o empresário era responsável por todos os processos de importação e comercialização dos medicamentos. 

Além de remédios, o esquema também importava testes e contrastes, usados para exames médicos como tomografias. A empresa do suspeito não tinha autorização de funcionamento ou aval da Anvisa para atuar no setor. 

"O papel dele era encomendar, providenciar uma pessoa que conseguisse esses medicamentos no Paraguai, providenciar o transporte e conseguir também intermediários para o comércio varejista", disse. 

De acordo com Gobira, a empresa usada para o comércio dos remédios, a clínica de estética da esposa do empresário e a casa do casal funcionavam no mesmo endereço. 

"No cadastro nacional da empresa constava como distribuidor de medicamentos, não como farmácia varejista. Mas não tinha autorização para nenhuma das atividades. Classificaríamos ele como alguém que recebia e repassava, não tinha depósito. Recebia os medicamentos no endereço onde funcionava a clínica estética da esposa". 

Esquema começou com estudantes de medicina no Paraguai

A PF descobriu que o esquema de venda de medicamentos falsos começou com estudantes brasileiros que cursavam medicina no Paraguai. Eles eram responsáveis por enviar os remédios para Campo Grande (MS), de onde era distribuídos pelo Brasil. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 10% dos medicamentos distribuídos no mundo sejam falsificados, enquanto no Brasil, a taxa pode chegar a 30%. O superintendente regional da PF em Mato Grosso, Sérgio Sadão Mori, chamou atenção para o risco de segurança e saúde pública provocado pelo esquema, que passou a ser investigado durante desdobramento da operação Miastenia, deflagrada em agosto deste ano.

"Foi verificado que as pessoas envolvidas nos mandados anteriores participavam de esquema muito maior, tinham grau de lesividade muito maior para a comunidade. Importação irregular de medicamentos, foi detectado que entre eles haviam medicamentos falsos, são remédios importantes para doenças graves que poderiam prejudicar muitas pessoas até pelo volume de vendas". 

Durante a operação Miastenia, o empresário cuiabano já havia sido responsabilizado. A PF estima que, em dez meses, ele tenha movimentado mais de R$ 4 milhões. 

Operação Autoimune 

A operação Autoimune, deflagfrada pela PF na manhã desta quinta-feira (17), conta com apoio da Anvisa, Vigilância Sanitária de Cuiabá, Goiás, São Paulo e Espírito Santo. As ordens judiciais são cumpridas em Cuiabá, Campo Verde, Ponta Porã (MS), Fernandópolis (SP), Goiânia (GO), Abadia de Goiás (GO), Marília (SP), Ocauçu (SP), Vila Velha (ES), Angra dos Reis (RJ) e Campo Grande (MS).

As investigações tiveram início com uma apreensão no Aeroporto Internacional de Campo Grande, onde foram encontradas várias caixas de medicamento de origem argentina contendo o princípio ativo “Neostigmina”. 
O produto não tinha documentação que comprovasse entrada regular no Brasil. 

A ação é fruto do compartilhamento de informações entre a PF e a Anvisa e o trabalho de análise do material apreendido durante Operação Miastenia, deflagrada em agosto deste ano.

A primeira fase da operação possibilitou que os investigadores tomassem conhecimento de que o mercado paralelo de medicamentos estrangeiros contava com a participação de diversas empresas de fachada, sendo praticado em 65 municípios do país localizados em 16 Estados e no Distrito Federal, tendo movimentado, em 10 meses, cerca de R$4 milhões. Nessa operação, foi apreendida uma caixa do medicamento imunoglobulina com origem argentina e comprovadamente falsificado.

O nome da Operação deve-se ao emprego dos medicamentos importados no tratamento de diversas doenças autoimunes, ou seja, patologias nas quais o sistema imunológico ataca células saudáveis, levando ao desenvolvimento dos mais variados sintomas.
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