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Advogado investigado por pirâmide financeira em Cuiabá é preso em SC

Da Redação - Rodrigo Costa

Um advogado investigado pela Polícia Civil de Mato Grosso por lavagem de capitais, estelionato, pirâmide financeira e crimes contra relações de consumo foi preso nesta quarta-feira (07), na cidade de Palhoça, região metropolitana de Florianópolis.  S.M. foi localizado após investigações da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor e da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil. 

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Após a localização do investigado, a polícia mato-grossense acionou o apoio da Polícia Civil catarinense para efetuar a prisão. Ele era procurado há mais de um ano pela Decon, desde que aplicou um golpe de pirâmide financeira em, aproximadamente, 100 vítimas, que tiveram prejuízo estimado em R$ 80 milhões. 

De acordo com o delegado Rogério Ferreira, titular da Decon, a Polícia Civil estima que pode haver um número bem maior de vítimas do golpista, pois muitas não registraram boletins de ocorrência. O homem utilizava um nome falso e deixava o cabelo e a barba crescerem. 

Com os elementos informativos coletados ao longo da investigação, a Decon representou pela prisão preventiva de S.M., deferida pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá. 

O bacharel estava morando com sua companheira, a mesma que, à época em que ele fugiu de Cuiabá, o levou até a cidade de Presidente Prudente, no interior de São Paulo. “A casa onde eles viviam era bastante simples, sem chamar atenção, mas monitorada por câmeras de segurança, de onde ele vigiava a movimentação na rua”, afirmou a polícia. Os policiais civis constataram que o local tinha poucos móveis, o casal dormia em colchões no chão.  

Inquério
Em março do ano passado, a Delegacia do Consumidor em Cuiabá instaurou investigação para apurar os golpes praticados pelo bacharel, que se passava por advogado de um escritório renomado na Capital para angariar clientes para a pirâmide financeira. 

Conforme a investigação apurou, há aproximadamente cinco anos, S.M. passou a informar aos interessados que operava como day trader na plataforma Forex, comprando e vendendo dólares e euros. Segundo os depoimentos colhidos e documentos reunidos na  investigação, S. dizia que tinha um robô que realizava operações altamente lucrativas e prometia retorno mensal com juros de 5 a 8% ao mês para quem investisse o dinheiro com ele. Há relato de vítima que chegou a aplicar R$ 3 milhões. 

A partir dessa época, o golpista passou a receber dinheiro de pessoas de seu círculo de relacionamento, interessadas em investir em razão da promessa de juros mensais. Entre os clientes estavam integrantes de uma loja maçônica de Cuiabá à qual ele pertencia e foi, posteriormente à descoberta dos golpes, expulso. 

Segundo a apuração realizada pela Decon, o investigado efetuou os pagamentos de forma regular dos valores aplicados até o mês de dezembro de 2021. 

A partir de janeiro de 2022, ele deixou de pagar seus clientes sob a alegação de que não estava conseguindo repatriar o dinheiro por uma restrição na Receita Federal e multa aplicada pelo fisco nacional. S.M. alegou que a Receita havia lhe aplicado uma multa no valor de R$ 1,5 milhão. 

Diante dessa suposta multa que sofreu da Receita Federal, alguns clientes do investigado  lhe emprestaram o valor para que, então, ele pudesse repatriar o dinheiro supostamente investido no exterior e assim retomar os pagamentos mensais. Contudo, os investidores descobriram que o golpista não tinha nenhuma pendência com o fisco federal e nem foi multado pelo órgão.

Fuga 
A Polícia Civil apurou que na primeira quinzena de março do ano passado, o investigado se hospedou em um resort na região do Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães. Na semana seguinte, ele fugiu de Cuiabá, em um veículo Ford Ecosport. A Decon investigou que sua companheira o levou até o interior de São Paulo e o deixou na rodoviária da cidade de Presidente Prudente. 

“Ele agiu dessa forma com o objetivo de escapar das pessoas que investiram com ele e que, a essa altura, já estavam conscientes de que ele não pagaria mais os juros mensais prometidos, muito menos devolveria os valores investidos”, pontuou o delegado Rogério Ferreira. 

Em diligências para intimar o golpista, no ano passado, a equipe de investigação foi ao escritório onde ele trabalhava e na casa onde morava com a companheira. Pessoas ouvidas pela equipe informaram que não tinham notícias do investigado há mais de uma semana e sua companheira declarou que não sabia do paradeiro dele.
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