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Polanski passa segunda noite na prisão e amigos se mobilizam

AFP

O cineasta Roman Polanski, 76, nascido na Polônia e naturalizado francês, passou a segunda noite na prisão na Suíça, ao mesmo tempo que prossegue a mobilização para evitar sua extradição aos Estados Unidos, onde é acusado pela justiça de relação sexual ilegal com uma adolescente de 13 anos em 1977.

O diretor foi detido no sábado à noite ao desembarcar em Zurique, onde receberia no domingo um prêmio pelo conjunto da obra no festival de cinema da cidade.

"Os Estados Unidos têm 40 dias para apresentar o pedido de extradição, um prazo que eventualmente pode ser prolongado por 20 dias", explicou à France Presse Charles Poncet, um advogado de Genebra.

"Os suíços não podem dizer que não, já que segundo o tratado têm a obrigação de extraditá-lo", explicou o advogado ao comentar o tratado em vigor entre Suíça e EUA.

No entanto, os amigos de Polanski não aceitam esta perspectiva.

Cineastas e artistas de todo o mundo divulgaram uma petição para exigir a "imediata libertação" e denunciam uma "armadilha policial" aproveitando a homenagem ao diretor.

Entre os primeiros signatários figuram Costa-Gavras, Wong Kar-Wai, Fanny Ardant, Ettore Scola, Marco Bellocchio, Giuseppe Tornatore, Monica Bellucci, Abderrahmane Sissako, Tony Gatlif, Pierre Jolivet, Jean-Jacques Beineix, Paolo Sorrentino, Michele Placido, Barbet Schroeder, Gilles Jacob e Bertrand Tavernier.

A associação suíça de roteiristas e diretores de cinema denunciou um "escândalo jurídico que prejudica a reputação da Suíça em todo o mundo".

Os cineastas poloneses, encabeçados por Andrzej Wajda, pediram a seu governo que evitem um "linchamento judicial".

O chefe da diplomacia polonesa, Radoslaw Sikorski, anunciou que Varsóvia e Paris pedirão a Washington a libertação do cineasta.

O ministro francês da Cultura e Comunicação, Frédéric Mitterrand, classificou de "absolutamente espantosa" a detenção de Polanski na Suíça "por uma história antiga que não faz realmente sentido".

A búlgara Irina Bokova, eleita semana passada diretora geral da Unesco, considerou "chocante" a detenção do cineasta.

Os defensores de Polanski alegam não compreender o "ira" da justiça americana, já que a adolescente com quem o cineasta teve "relações sexuais ilegais" há mais de 30 anos --hoje uma mãe de família de 45 anos-- pediu o fim do caso.

O advogado do diretor, Hervé Temime, declarou ao jornal francês "Le Figaro" que pedirá a libertação do cliente alegando "um problema de prescrição", pois "a suposta vítima da infração retirou a ação há muitos anos".

A detenção de Polanski em Zurique provocou espanto porque o cineasta viajava com frequência para a Suíça sem problemas.

A promotoria de Los Angeles informou ter planejado a prisão na semana passada, depois de tomar conhecimento da participação de Polanski no festival de cinema.

Para a ministra suíça da Justiça, Eveline Wildmer-Schlumpf, não restou outra alternativa a não ser prender o diretor. Polanski viajara anteriormente a Suíça, mas sem que as autoridades soubessem com antecedência, explicou.
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