José Riva diz que tentou contribuir com o fim da corrupção ao delatar: “sou um cristão”; assista
Da Redação - Airton Marques
O peso da culpa. Este foi o motivo pelo qual o ex-presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), José Riva, resolveu confessar os crimes cometidos durante os 20 anos em que foi o mandachuva do Parlamento mato-grossense. Após deixar a carreira política e ver o chão ruir sobre seus pés, o ex-deputado passou a admitir os erros e apontar quem também se beneficiou de alguma forma dos esquemas investigados em diversas ações.
ASSISTA A ÍNTEGRA DO PODOLHAR COM O EX-PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA, JOSÉ RIVA:
Após ser preso três vezes seguidas e ficar no total mais de dez meses na prisão, foi em abril de 2016 quando Riva, em frente à ex-juíza Selma Arruda, na 7ª Vara Criminal, chorou e disse não aguentar mais carregar uma culpa que não era só dele.
Oito anos depois, o ex-deputado participou do PodOlhar, já disponível no Youtube, e detalhou mais como tomou a decisão de confessar e, anos depois, firmar um acordo de delação premiada com a Justiça.
“Quando eu me propus a fazer isso, eu falei, poxa, não conseguia mais. Eu achava que eu estava ali falando com o juiz e o promotor e que eles já sabiam a história. Eu falei: ‘não, eu não vou mentir mais’. Isso aí eu tomei a decisão um dia com meus advogados, eles foram contra, saímos lá de casa e eu falei: ‘tá bom, eu vou pensar’. Cheguei lá e fiz tudo o contrário do que eles falaram e confessei tudo (...) não foi nem por uma questão religiosa, não. Foi por uma questão de consciência e eu achava que não justificava você estar ali perdendo tempo porque aquilo ali só ia enrolar o processo, ia levar mais tempo e eu queria ver o fim daquilo ali. Então, eu decidi assim, eu acho muito melhor eu falar a verdade e sair com a consciência mais tranquila, imputar quem deve” disse aos jornalistas Airton Marques e Arthur Santos da Silva.
Por fim, Riva declarou que com a delação acreditou que poderia contribuir para exterminar a corrupção em Mato Grosso.
“Se Jesus chegar aqui hoje e tirar todo esse povo daqui, e recomeçar, é a única forma de corrigir que existe. Eu não acredito que essa sociedade, esse mundo, esse povo que está aí é capaz de mudar e ser um pouco cristão, a ponto de usar princípios éticos, com justiça. Eu não acredito. Eu acho que esse mundo está perdido. Uma pena, a gente tem que continuar lutando para mudar isso”, declarou.
“Eu esperei dar uma contribuição para isso. Quando eu fiz a minha colaboração, eu não fiz só por mim. Eu falei, talvez acabe isso. Acabou? Não acabou. E não vai acabar. O ser humano se preocupa muito com valores materiais. Ele vai às últimas consequências para adquirir as coisas. Esquece dos valores éticos, dos princípios”, pontuou.