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Notícias / Economia

Membros do FMI avançam pouco em transferência de poder

Reuters

Ministros das Finanças conseguiram pouco avanço no domingo em disputa de longa data sobre quanto poder nações ricas devem ceder a países em desenvolvimento no FMI (Fundo Monetário Internacional).

Os 186 países membros do FMI, no entanto, concordaram que a instituição deverá desenvolver um conjunto de princípios até abril para nortear as nações enquanto é preparada a retirada de medidas extraordinárias contra a recessão.

"Nós não estamos fora de perigo, mas estamos chegando lá", disse o ministro das Finanças egípcio, Youssef Boutros-Ghali, chefe do comitê de direcionamento político do FMI.

"Estratégias de retirada estão sendo discutidas, mas elas não estão perto de serem implementadas agora até que seja estabelecida a recuperação da economia mundial."

O FMI, que destinou cerca de US$ 175 bilhões para empréstimos a países do mundo todo neste ano, diz que vai precisar de mais recursos para administrar a recuperação da economia global e ajudar a prevenir crises futuras.

Mas isso depende da garantia de maior participação a economias emergentes. Se o poder de voto de um membro aumenta, ele tem que aumentar a quantia de dinheiro destinada ao Fundo.

Membros do FMI querem concluir as negociações sobre poder de voto até janeiro de 2011.

"A tarefa de realinhar as cotas com a atual realidade global permanece politicamente complicada", disse o painel do FMI em um relatório no encontro semestral.

Enquanto o comitê apoiou um acordo firmado há pouco mais de uma semana pelo G20 para transferir ao menos 5% das cotas de votos para as economias em desenvolvimento, nações emergentes afirmaram não ser o suficiente.

Grandes economias exigem que países desenvolvidos concedam ao menos 7% de seu poder para nações emergentes como a China.

"Nós podemos apenas esperar que países avançados super-representados vão perceber que eles podem causar grandes danos ao Fundo se tentarem bloquear ou atrasar a reforma das cotas e da participação", disse o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, durante o encontro.

Ele afirmou que o Fundo precisa mudar para "cessar de ser considerado em grande parte uma instituição euro-americana."

A exigência de 7% encontra resistência de países desenvolvidos, particularmente de nações europeias.

O ministro das Finanças da Suécia, Anders Borg, país atualmente na presidência da União Europeia, avisou que a Europa pode se tornar menos generosa em seu apoio financeiro ao Fundo se perder influência sobre ele.

"Participação adequada no processo de tomada de decisões... é um pré-requisito para que os nossos contribuintes continuem a apoiar as grandes contribuições financeiras", disse ele.

Demanda

Há apenas um ano o FMI estava lutando para persuadir governos de sua importância, mas a crise financeira e a recessão global ampliaram a demanda pelos empréstimos e consultoria que a instituição pode oferecer a países em dificuldades orçamentárias e com queda em investimento e comércio.

Permitir grandes países em desenvolvimento terem um papel mais importante no FMI pode assegurar bilhões de dólares em novas contribuições para a organização.

O chefe do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, pediu na sexta-feira por um impulso nos recursos para empréstimos --cerca de US$ 1 trilhão-- para assegurar países em desenvolvimento de que eles poderão receber ajuda durante crises. Ele argumentou que isso iria encorajá-los a parar de acumular reservas em moeda estrangeira e levar a uma economia global mais equilibrada.

Mas a China, o Brasil e a Índia disseram que qualquer aumento em suas contribuições deve estar atrelado a mudanças no poder de voto.

A China disse no domingo que as contribuições poderiam ser ajustadas automaticamente para refletir as mudanças no tamanho das economias.

O G20, que está tomando a liderança na administração da recuperação global, pediu ao FMI que ajude a assegurar um crescimento global mais equilibrado informando o grupo sobre políticas de países e recomendando mudanças.

A China quer que as atividades do FMI sejam reformadas ainda mais. O representante do país no encontro, o vice-presidente do Banco Central Yi Gang, disse que o FMI deveria reforçar a supervisão dos fluxos internacionais de capital e promover uma estabilidade relativa de grandes reservas de moeda.
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