“Defendi Silval Barbosa sem medo de críticas; advogado não é o cliente”, afirma Rabaneda
Da Redação - Airton Marques
O conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ulisses Rabaneda, comentou, em entrevista ao PodOlhar, sobre a atuação na defesa do ex-governador Silval Barbosa durante as diversas fases da Operação Sodoma, que resultaram na prisão do ex-chefe do Executivo estadual e na sua delação premiada.
Rabaneda afirmou que o caso foi um marco em sua carreira como advogado criminalista. “Foi um caso bastante difícil, que atraía muita atenção da imprensa e gerava julgamentos sobre a nossa atuação profissional. Há uma confusão frequente entre a figura do cliente e do advogado, mas todo mundo merece uma defesa de qualidade, seja culpado ou inocente”, disse.
O conselheiro destacou que a complexidade do caso exigiu atenção à atuação do cliente e à condução processual. Ele criticou, por exemplo, a transmissão em tempo real das audiências, que, segundo ele, prejudicava o princípio da incomunicabilidade das testemunhas. “Por vezes, uma testemunha sabia o que outra estava falando, o que pode macular o depoimento. Nossa crítica era nesse sentido, sem desconsiderar a importância da cobertura da imprensa para a sociedade”, explicou.
Rabaneda esclareceu que já atuava em casos relacionados a Silval antes das operações, incluindo ações cíveis envolvendo familiares do ex-governador, e que não buscou a defesa por visibilidade. “Nunca tive receio de como a sociedade iria interpretar minhas ações. Sempre procurei fazer o bom e o justo, dedicando-me integralmente à defesa de cada cliente”, afirmou.
O conselheiro também comentou sobre a ética na advocacia criminal, dizendo que buscar casos apenas por repercussão não é adequado. “É importante avaliar o impacto do caso para a carreira, mas oferecer serviços apenas para ganhar notoriedade não é legal e configura captação indevida”, concluiu.