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Notícias / Ciência & Saúde

Presidente do CRM garante que greve não tem caráter político

Da Redação - Alline Marques

Durante ato cívico em comemoração ao Dia do Médico, o presidente do Conselho Regional de Medicina, Arlan Azevedo Ferreira, garantiu que a greve dos médicos é uma luta pela dignidade da profissão e não uma "guerra política". Em entrevista ao Olhar Direto, o pediatra destacou que as críticas a gestão de Wilson Santos na área da saúde são devido as péssimas condições de trabalho encontradas pelos médicos no Pronto Socorro de Cuiabá e forma com que são tratados.

"O nosso objetivo não é criticar ninguém. Estamos pautados na situação do Pronto Socorro de Cuiabá. Nas pessoas que são atendidas no corredor, na falta de leitos de retaguarda para pacientes após cirurgias. Além das pressões sofridas pelos médicos dentro do hospital, chegando ao ponto de serem impedidos de sair para comprar água", justificou.

Questionado sobre o pedido de saída do secretário Municipal de Saúde, Luiz Soares, Arlan é enfático: "esta ação não é pessoal e nem política, mas sim pela incompetência técnica dele (Soares) por não saber como se faz". O clima entre Soares e pediatra esquentou após a contratação de uma empresas terceirizada do Rio Grande do Sul para prestar serviço no box de emergência do Pronto Socorro.

Na última semana, Soares divulgou nota acusando Arlan de atuar contra a população mato-grossense por impedir o registro dos médicos de fora, já que precisam da autorização do CRM para atuar no Estado.

No entanto, o presidente do Conselho lembra que desde 1984 está no Hospital Julio Müller e em tom de desabafo, rebateu: "entendo não só de saúde pública como de muitas outras coisas e não é assim que se trata uma pessoa. Ele não pode me desmerecer, sem ao menos saber do meu trabalho no Estado".

Arlan Azevedo negou ter impedido os médicos terceirizados de retirarem o registro. Segundo ele, apenas dois profissionais procuraram o conselho até o momento e segundo o problema é que a empresa não possui corpo clinico para atender o contrato feito com a Prefeitura de Cuiabá.

O presidente explicou que o médico de outras regiões que chegarem no Estado devem procurar o Conselho, preencher a inscrição, apresentar carteira de trabalho e responder a um requerimento que será encaminhado ao conselho de origem. Apesar de todo esse trâmite, Arlan garante que o registro demora no máximo cinco dias para ficar pronto.

Mais uma vez, o médico reforçou que "as ideologias políticas devem ficar fora das discussões". Segundo Arlan, o CRM um plano "B", conforme foi chamado pelo prefeito de Cuiabá, adequado. Ele reforçou ainda que o Conselho não é contra reforma no Pronto Socorro, ao contrário, mas as críticas são referentes à forma como foi realizada.

"Não adianta colocar um tapume na frente do Pronto Socorro e demandar todo atendimento para o Pronto Socorro de Várzea Grande, com menos capacidade que o da Capital. Eles sabem que a população do Cristo Rei procura o hospital de Cuiabá, então imagina a situação no outro município? Além disso, devido às obras que estão ocorrendo fica complicado o atendimento aos pacientes", esclareceu.

O presidente do conselho fez questão de destacar um assunto pouco comentado: o Samu só encaminha os pacientes para hospitais públicos, mesmo com planos de saúde. "Portanto, essa problemática atinge toda a população, não apenas os mais pobres, quanto os ricos envolvidos em acidentes", explicou.

Outro aspecto comentado pelo médico é a diferença nos atendimentos de hospitais públicos e privados. De acordo com Arlan, a intenção do CRM é dar equilíbrio e amenizar as diferenças para as pessoas, independente da classe social ocupada. Ele destaca que a saúde é um direito de todos.

Por isso, o presidente alerta que é preciso a integração entre municípios, Estados e União, para encontrar uma solução ao caos da saúde pública, não só em Cuiabá e Várzea Grande, mas em todo Estado e país.
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