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Lula pede a Uribe que dobre comércio entre Brasil e Colômbia

EFE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs hoje ao presidente colombiano, Álvaro Uribe, "dobrar" a corrente comercial bilateral durante o tempo de Governo que resta a ambos.

"Estou propondo ao presidente Uribe que nos 14 meses que me restam de mandato e nos teoricamente dez que faltam para ele - pois não sei o que a Corte Constitucional colombiana vai decidir (sobre um 3º mandato) - nos dediquemos a dobrar o comércio", afirmou Lula ao fim de um seminário empresarial em São Paulo.

O segundo mandato de quatro anos de Uribe termina em 7 de agosto de 2010 e o de Lula, em 1º de janeiro de 2011.

O comércio bilateral chegou no ano passado a US$ 3,1 bilhões, com superávit de US$ 2,3 bilhões para o Brasil, segundo números citados pelos dois países durante o encontro empresarial realizado hoje na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Durante seu discurso no fórum empresarial, Lula destacou que a América do Sul está surgindo como um pólo dinâmico da economia mundial e a Colômbia, por sua localização estratégica entre o Atlântico e o Pacífico, é um "parceiro indispensável".

Lula afirmou que para acentuar essa relação bilateral há mecanismos como o Banco do Sul, o acordo Mercosul-Colômbia e os pagamentos em moeda local.

O presidente brasileiro questionou o fato de que apesar de Brasil e Colômbia terem mais de 1.600 quilômetros de fronteira comum, 45% das exportações colombianas tenham como destino os Estados Unidos.

"Isso não é possível! O Brasil sempre foi vendido no passado por alguns empresários colombianos como o grande inimigo, o grande adversário econômico, e agora o Brasil tem que tomar o ataque para financiar os negócios na região, não como um papel hegemônico, mas de integração", continuou Lula.

Uribe concordou com Lula e afirmou que antes não havia uma fronteira, mas "uma parede", e os dois países eram "vítimas do temor do tamanho do mercado brasileiro e da violência que se vivia na Colômbia".

O presidente colombiano destacou a presença de investidores brasileiros em seu país e citou como exemplo a participação que têm nos sistemas de transporte em massa, assim como na área de biocombustíveis.

"Os biocombustíveis não têm por que afetar a floresta e atentar contra a segurança alimentar. Pelo contrário, estamos levando esta indústria a áreas usadas pelo narcotráfico que atentavam contra o meio ambiente", apontou.

No encontro com Lula, Uribe propôs a Lula que participe do avanço de um corredor terrestre e fluvial que unirá os portos de Tumaco, no Pacífico colombiano, e Belém, no Pará.

"Estamos em plena execução de uma estrada Tumaco-Puerto Asís e estamos oferecendo ao Brasil os direitos de passagem nessa estrada, que os levará ao Pacífico, em troca de que os brasileiros se encarreguem da navegação fluvial pelo rio Putumayo", explicou.

Uribe agradeceu a Lula pelo apoio do Brasil à candidatura de Bogotá para organizar os Jogos Pan-americanos de 2015 e pelo trabalho conjunto na construção de um avião de carga, o maior produzido na região, a cargo da Embraer.

"Eu não hesito em pedir ajudas ao presidente Lula e hoje, como para variar, pedi um favor bem particular", indicou Uribe, sem dar detalhes do pedido, sobre o qual o presidente brasileiro também não quis falar.

Lula e Uribe encerraram hoje em São Paulo o Encontro Empresarial Brasil-Colômbia, no qual participaram autoridades, ministros e 246 empresários de ambos os países.

Os dois presidentes falaram também da intenção de realizar em novembro próximo, em Manaus, uma cúpula de países amazônicos para definir uma proposta conjunta a ser levada à Cúpula de Copenhague sobre mudança climática e sobre o polêmico acordo militar entre Colômbia e EUA.
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