É possível falar em crise quando um time termina 14, de 30 rodadas do Campeonato Brasileiro, na frente dos 19 demais concorrentes? No Palmeiras, todo cuidado parece pouco para que o título não escape.

Adicione a primeira derrota em casa na competição, ontem, diante do Flamengo (0 a 2), críticas do ídolo do clube ao time e está dado o sinal para as tradicionais cornetas do Parque Antarctica soarem mais altas que o habitual.

Ontem, o bombeiro convocado pela assessoria de imprensa para dar as explicações foi o meia Diego Souza.

Só em relação às declarações do goleiro Marcos após o tropeço de domingo, em casa, o camisa 7 teve de responder, no mínimo, a cinco perguntas.

Para quem não acompanhou o episódio, vale uma breve recapitulação dos fatos.

Ainda no gramado após o jogo, Marcos disse que a equipe precisa de personalidade, e que isso não se adquire em treinos.

O capitão também bateu diretamente no lateral-direito Wendel e no atacante Robert, que, na opinião do arqueiro, falharam no segundo tento flamenguista, feito por Petkovic.

Diego Souza, que no ano passado reclamara quando Marcos criticara publicamente a equipe, desta vez mudou o tom e defendeu o goleiro.

"Aqui só tem homem, cara. É um grupo que sabe lidar com todo o tipo de situação. O Marcos falou o que estava sentindo no momento. Se [os criticados] não gostaram, vão falar com ele. Ou não fala nada, absorve da maneira que achar melhor", afirmou o meia palmeirense.

"Quem erra sabe que errou. E o cara não erra sozinho. Ninguém vai fazer isso de propósito", completou o jogador.

Apesar de ainda estar quatro pontos à frente do segundo colocado do Nacional, o Atlético-MG, o Palmeiras acusou o golpe pelo terceiro tropeço seguido --perdera para o Náutico (3 a 0) e empatara (2 a 2) com o Avaí.

Antes de iniciarem os trabalhos de ontem, os atletas tiveram uma reunião com a comissão técnica. Em razão disso, a imprensa só teve acesso ao CT meia hora após o programado.

"Vamos procurar acertar para o jogo contra o Santo André", disse Diego Souza, referindo-se ao duelo de contra o time na zona de rebaixamento.

Com 54 pontos, o líder do campeonato viu o Atlético-MG encostar, com 50. Internacional e São Paulo, ambos com 49, vêm em seguida. Faltam oito rodadas para o fim do torneio.

"A gente tem o mérito de estar na frente ainda porque conquistamos esses pontos de vantagem ao longo da competição", falou o meio-campista.

Por outro lado, ele admitiu o temor de perder um título que o clube não tem desde 1994.

"Eu tenho medo, quero vencer. Fico com um pouco de receio porque a gente teve oportunidade de abrir vantagem."

Justamente nas últimas três jornadas, quando o time não conseguiu vencer, os demais aspirantes à taça também tropeçaram. Tanto que a distância do líder para o vice, que até sábado era o São Paulo, só caiu um ponto nesse período.

"As vitórias terão de vir por bem ou por mal", decretou o vice-artilheiro do Palmeiras no Brasileiro, com sete gols.

Para que nada saia do planejado, a diretoria também preferiu relativizar os tropeços. "Está acontecendo [com o Palmeiras] o mesmo que acontece com os outros", minimizou o presidente do clube, Luiz Gonzaga Belluzzo, sobre os maus resultados dos outros times no grupo da frente do Nacional.