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Lei prevê fim de verba a entidades em caso de invasões, lembra Gilmar Mendes

AE

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, lembrou nesta segunda-feira (26) que a legislação brasileira proibe repasses a entidades que provem invasões. Mendes ressaltou a responsabilidade do Judiciário, do Ministério Público (MP) e do governo sobre ações dos sem-terra no País.

"A lei manda que o governo suste os subsídios para entidades que promovem invasões e violências", declarou o ministro, após a abertura do I Congresso Nacional de Direito Agrário, promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em São Paulo.

O ministro disse que "não se trata de criminalizar o movimento agrário ou movimentos sociais". Segundo ele, é uma questão de "aplicar a lei de forma normal". "Se houve prática de crime de qualquer um dos lados envolvidos nesse tipo de conflito, deve haver a resposta adequada do Estado de Direito", afirmou o presidente do STF.

Gilmar Mendes defendeu ainda prioridade para os processos relativos às desapropriações. Ele lembrou que o próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) tem manifestado insatisfação com relação à demora. Ele disse que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) acompanha diretamente todos os casos de invasões que têm provocado lesões corporais e mortes no campo. "Estamos pedindo prioridade nos julgamentos sobre esses graves conflitos agrários."

"Que o Estado de Direito esteja presente", conclamou o presidente do Supremo. "Que as regras básicas do Direito sejam observadas, que os conflitos sejam balizados por regras do Direito e não por decisões voluntárias no interesse de um ou de outro lado."

Legislação

O ministro disse que o País não precisa de novas leis para o campo. "Temos leis suficientes sobre a matéria, tanto na esfera da responsabilidade civil como na esfera administrativa e eventualmente no âmbito da responsabilidade criminal. O que é preciso é que essas leis sejam devidamente aplicadas pelos segmentos incumbidos de fazer esta aplicação", disse Mendes.

O presidente do STF fez uma análise sobre a ação de movimentos sociais no campo. "Dependendo do momento econômico vivido, pode haver maior ou menor demanda de espaços, especialmente na área rural. Sabemos disso. Agora que a economia retoma o seu desenvolvimento normal, diminui essa presença das pessoas nesses movimentos e a busca da terra." Ele reiterou que "ato criminosos praticado por qualquer pessoa deve ser tratado como crime".

CPI

Na semana passada, o requerimento que pede a instalação da segunda Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi lido no plenário da Câmara dos Deputados.

De acordo com o requerimento, o foco da investigação será o repasse de recursos que seriam feitos pelo governo federal a entidades ligadas ao movimento.

No início do mês, invasores do Movimento dos Sem-Terra (MST) destruíram sete mil pés de laranja de uma fazenda no Centro-Oeste paulista. Eles também arrombaram armários e picharam as paredes da propriedade. Os integrantes do movimento deixaram a fazenda depois de uma ordem judicial.
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