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"Pai do genoma" admite que criar vida artificial é mais difícil que pensava

EFE

O cientista americano John Craig Venter, considerado o pai do genoma humano, reconheceu que seu ambicioso projeto de criar vida a partir de um cromossomo artificial é mais difícil que pensava.

"O projeto de introduzir um cromossomo artificial em uma célula e despertá-lo para a vida é mais difícil que pensei. Mas superamos todos os obstáculos e, por isso, sigo sendo otimista", assegurou Venter, em entrevista publicada nesta quarta-feira (28) pelo jornal austríaco "Der Standard".

Um grupo de cientistas do John Craig Venter Institute conseguiu criar o primeiro cromossomo sintético, o que é considerado um avanço rumo à criação de microorganismos capazes, por exemplo, de produzir biocombustíveis e de ajudar a limpar o meio ambiente.

Os cientistas transplantaram esse cromossomo em uma célula bacteriana à espera de alcançar o controle do organismo, algo que ainda não ocorreu, segundo Venter.

Um dos problemas é que o pequeno código genético do cromossomo sintético evolui muito lentamente e, por isso, Venter já está trabalhando em "um genoma muito maior, o que "teria a vantagem de que as células cresceriam muito mais rápido", segundo ele.
Brincando de Deus?

O cientista também rejeitou as críticas de que esteja brincando de ser Deus e disse que se trata de uma "acusação falsa".

"Não vamos criar vida a partir do zero. Pegamos o material da vida, os pares de bases do DNA, e só colocamos estas peças em uma nova ordem. Construímos sobre a base de mais de três mil milhões de anos de evolução", destacou.

Venter ressaltou ainda a importância de trabalhar neste campo "para criar organismos que solucionem os problemas mais urgentes do mundo".

"Experimentamos sempre com genomas, embora fosse de forma cega. (...) A população mundial aumentará nas próximas quatro décadas provavelmente para nove bilhões de pessoas. E deverão ser alimentados, precisarão de casas e energia", disse.

A empresa do cientista, a Synthetic Genomics, está trabalhando com a multinacional petrolífera Exxon para criar algas que sejam capazes de produzir em menos de dez anos "bilhões de litros de combustível".

Mas a questão para Venter é se o preço deste biocombustível será vantajoso se comparado com o do petróleo.
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