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Chinaglia diz que Jefferson falou sobre mensalão a Lula, mas nega conhecer esquema

Folha Online

O ex-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), confirmou nesta quinta-feira, em depoimento à Justiça Federal, que o presidente do PTB e deputado cassado Roberto Jefferson (RJ) revelou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a existência do mensalão.

Chinaglia disse que tomou conhecimento do mensalão em dois momentos, sendo que um deles foi após a denúncia do escândalo pela imprensa e outro durante uma reunião com Jefferson no Palácio do Planalto.

"Tem um momento principal, quando a imprensa divulgou aquilo que o então deputado Roberto Jefferson denunciou, e faço referência a esse momento como principal porque lá ele apelidou de mensalão e ainda que ele fez um comentário ao presidente da República, e, entre outros, eu estava presente", disse à Justiça.

Chinaglia, no entanto, sugeriu que o esquema nunca aconteceu. "Nunca soube de nenhuma denúncia de que houve compra de votos", afirmou.

Após o testemunho, Chinaglia explicou aos jornalistas que a reunião ocorreu em março de 2005, e estavam presentes o presidente Lula, Jefferson, o ex-ministro Walfrido Mares Guia (Turismo), o ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) José Múcio Monteiro ex-líder do PTB, e o ex-presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Na reunião, Jefferson levantou a questão do pagamento a parlamentares, o chamado mensalão. Segundo Chinaglia, o presidente Lula pediu que fosse apurada a denúncia. Após a reunião, a imprensa divulgou informações sobre a oferta de recursos aos parlamentares em troca de apoio político que teria partido do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).

Chinaglia, que na época era líder do PT na Câmara, disse que Teixeira negou relação com o caso, e na sequência foi aberta uma sindicância. O caso acabou arquivado porque nenhum parlamentar se manifestou.

Para o petista, o presidente Lula não sabia do esquema. "Não dá para acreditar [que Lula foi alertado]. A primeira reação é não acreditar. Naquele momento, ele [presidente Lula] orientou que eu e o Aldo verificássemos", afirmou.

Na avaliação de Chinaglia, Lula não foi alertado. "Foi uma conversa inoportuna. Não era assunto para tratar com o presidente", disse.

Chinaglia foi ouvido na condição de testemunha dos ex-deputados Pedro Corrêa ((PP-PE), José Janene (PP-PR), do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e de Jefferson --que estão entre os 39 réus do processo do mensalão.
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