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Notícias / Agronegócios

Um terço dos frigoríficos de MT com atividade suspensa

Da Redação - MC

Levantamento da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) confirma que um terço das plantas dos frigoríficos instalados no eixo Centro-Sul e em território mato-grossense estão paralisadas ou desativadas, segundo apontam informações da Acrimat e do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agripecuária).

No levantamento, a Acrimat analisa a situação em que se encontram os pecuaristas das oito regiões-polo representativas do estado – Centro-Sul, Médio-Norte, Nordeste, Norte, Noroeste, Oeste, Sudeste e Arinos.
 
A constatação foi surpreendente e negativa, pois, segundo o Imea, 39 plantas frigoríficas registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) instaladas em Mato Grosso, 11 estão sem abater desde o início deste ano.

“Hoje quase 30% dos frigoríficos estão fechados. O impacto disso na vida do produtor é grande, pois a pressão dos frigoríficos, principalmente dos oportunistas na hora da compra do boi, baixa o preço da arroba de forma significativa”, disse o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.

A capacidade de abate hoje em Mato Grosso, se todas as plantas estiverem funcionando, é de 37.816 mil cabeças/dia. Com o fechamento das 11 plantas, 23,69% dos frigoríficos, compromete o bate diário e 8.961 cabeças. A realidade é ainda mais dura quando os números revelam que a região Noroeste, composta por oito municípios e com mais de 2 milhões de cabeças de gado, o único frigorífico instalado, do grupo Independência, está fechado.

“Os pecuaristas da região Noroeste estão abatendo seu gado nos municípios de Sinop e Juara, e isso compromete a competitividade de seu gado”, disse o superintendente da Acrimat.

Outra região com quase 60% da capacidade de abate comprometida é a Nordeste, composta de 22 municípios e mais de 6 milhões de bois. Nessa região estão instalados seis frigoríficos, sendo que quatro fechados. Do grupo Independência as plantas das cidades de Confresa (1.200 cab./dia), Nova Xavantina (1.200 cab./dia), Juína (500 cab./dia) e Arantes de Canarana (440 cab./dia) estão fechadas.

Estão funcionando apenas o grupo Bertim em Água Boa, com capacidade de abate diária de 500 cabeças e a do Quatro Marcos em Vila Rica, arrendado pelo JBS/Friboi, com capacidade de abate de 1.415 cabeças. “Os frigoríficos estão fazendo muita pressão. Enquanto a arroba está sendo comercializada a R$ 68,00 em outras regiões, os frigoríficos aqui estão pagando apenas R$ 65,00 e já avisaram que esse preço vai baixar ainda mais. A oferta é maior que a demanda e os pecuaristas estão perdendo muito dinheiro”, disse o presidente do Sindicato Rural de Água Boa, Laércio Fassoni.

A situação da região Noroeste chegou nesse ponto depois que o benefício da redução de ICMS de 7% para 3,5% nas operações relativas às saídas interestaduais de gado em pé destinado para abate não foi mais prorrogado pela Secretaria de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz-MT). “A redução do ICMS foi concedida de abril a setembro e aumentou a comercialização na região Noroeste em quase 400%.

O impacto econômico foi muito grande e a justificativa para a Acrimat ter solicitado a redução do ICMS foi justamente tornar mais competitivo o mercado do boi, não deixando o pecuarista nas mãos dos frigoríficos”, disse Luciano Vacari. Para Laércio Fassoni, “seria muito importante que a redução do ICMS retornasse, pois empresas de são Paulo e Goiás deixaram de comprar o nosso gado depois que esse incentivo acabou”.

Na região Médio-Norte, composta por 16 municípios e com mais de 1,2 milhão de cabeças de gado, 41,74% do abate está comprometido. O Oeste de Mato Grosso, com 22 municípios e quase 4 milhões de bois, não pode contar com 36,52 da capacidade de abate.

A região Norte, com 17 municípios e um rebanho de 4,4 milhões de cabeças, conta com 9 frigoríficos, sendo que os frigoríficos do Arantes da cidade de Nova Monte Verde do Norte e do Quatro Marcos em Colíder, que abatem 2.141 cabeças diariamente, estão fechados, comprometendo quase 30% da capacidade da região.

A região Centro-Sul, com 23 municípios e 3,8 milhões de cabeças, conta com oito frigoríficos, sendo que apenas a planta do JBA de Cáceres, com capacidade de 600 cabeças/dia, entrou em férias coletivas no início do mês outubro e ficará parada até o dia 26 de novembro. A região Sudeste está com 3,97% do abate comprometido, onde dos sete frigoríficos apenas o Margen, de Barra do Garças, que abatia 300 boi por dia, está fechado, em recuperação judicial. A região do Arinos, composta por quatro municípios, não vive esse problema, pois conta com dois frigoríficos em pleno funcionamento, com capacidade de abater 1.245 cabeças/dia.
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