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De chapéu na cabeça e microfone na mão, João e Júnior peregrinam a cidade mostrando suas músicas

Da Redação - Sabrina Gahyva

Imagine a cena: dois pequenos irmãos. De chapéu na cabeça, com ou sem microfone na mão. Em cima do palco ou improvisando canções pela cidade, fazendo pose de gente grande e entoando como cantores experientes sucessos sertanejos e velhas modas de viola. Imaginou?

Qualquer semelhança com as imagens do filme “Dois Filhos de Francisco” não é mera coincidência. A dupla mirim João, 10, e Júnior, 12, inspira-se na história narrada pelo longa-metragem e fazem da aparente rotina de Zezé Di Camargo e Luciano um objetivo de vida. “Meu sonho é ser igualzinho o Zezé e Luciano”, dizem os dois em coro que até parece ensaiado.

Questionei  qual o motivo do “projeto de vida”, e eles deixaram transparecer toda a criancice que a postura de músicos profissionais quase esconde. Com olhos brilhando como quem acredita nas coisas, João diz: “Eles são muito felizes!”.
“Quando terminam um show já vem um monte de gente”, afirmou o mais velho, Júnior.

“Para conversar com eles?”, indaguei. “Não, para trocarem de roupa! Eles saem e já mudam de roupa, trocam o figurino várias vezes”, disse Júnior completando a sentença e desconcertando tudo que pensei saber sobre sonhos.

Depois, os meninos falaram que têm mais três duplas de irmãos que cantam, a mãe e o pai, também cantores. Aliás, nas apresentações quem toca a viola é o pai, José. A família é de Sinop e conhecida como “Família Cantora”.

O pai, que é produtor de todas as duplas da família, vende DVDs durante o dia e conta que nessa vida só não aprendeu a vender shows. Ele reclama que é inexperiente para "comercializar as apresentações" e desconfia que os filhos não têm a dimensão e o reconhecimento que merecem.

"Sabe que os meninos já foram até no Raul Gil? Pois é! Viemos de Sinop porque na capital é melhor para a música, né? A mídia reconhece mais", argumentou enquanto esperava junto com a esposa e os meninos uma carona para voltar para casa depois de um show da dupla na praça Alencastro.

Dependendo da duração, a apresentação da dupla em Cuiabá custa entre R$ 300 e R$ 1 mil. Embora afirme sem constragimentos que "a vida poderia estar melhor", José não mostra arrependimento por ter escolhido a música para reger sua vida e a da família cantora.

"A música é tudo na nossa vida, né? Eu sei que mesmo se eles não fizerem muito sucesso, a música já mudou a vida deles", diz. 

A família se mudou de Sinop para Várzea Grande no início deste ano para "ficar mais perto do público". Entre um show e outro, João e Júnior peregrinam a noite cuiabana cantando de mesa em mesa para vender seus CD. 

Sem pudores, os dois cantores garantem que se divertem cantando e mostram que não se preocupam muito com o destino. "Se não ficarmos famosos, tá bom mesmo assim. Aí a gente continua estudando, com a vida normal", afirma Júnior. E quem duvida?

Interessados em contratar a dupla devem entrar em contato com o pai dos meninos, José, pelo telefone (65) 8133-7232. 
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