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Amorim não acredita que reeleição ilimitada atrapalhe aceitação da Venezuela no Mercosul

ABr

A aprovação, por referendo, de reeleições ilimitadas na Venezuela não deve atrapalhar a entrada do país no Mercosul, na avaliação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Ao contrário, o chanceler acredita que o clima de tranquilidade em que transcorreu a consulta popular pode ser positivo para o processo de adesão. “É positivo. O fato de ter transcorrido de maneira pacífica, sem incidentes e sem contestação da oposição, é algo que fortalece o presidente Hugo Chávez politicamente”, afirmou o chanceler nessa segunda-feira (16).

O ingresso da Venezuela no bloco regional já foi aprovado pela Argentina e pelo Uruguai, mas depende de aprovação do Senado brasileiro e do Parlamento paraguaio. No Congresso brasileiro, a adesão da Venezuela vem esbarrando na figura do presidente Hugo Chávez, acusado de ser ditador e antidemocrático por partidos como o DEM. A resposta do governo brasileiro e da base aliada tem sido sempre de que governantes são passageiros e o processo de integração regional é algo que transcende governos. A perspectiva de que Hugo Chávez se mantenha indefinidamente no poder dá munição ao discurso da oposição.

“Em política não existe pra sempre. Está previsto que haverá eleições, ele não estabeleceu uma ditadura. O importante é que a Venezuela continue respeitando, como tem feito, a vontade majoritária do povo e, ao mesmo tempo, levando na devida conta e da maneira adequada, os direitos da minoria”, disse Amorim. “Não tem havido repressão, que eu saiba não há presos políticos na Venezuela”, completou.

Depois, em entrevista ao programa 3 a 1, da TV Brasil, o ministro reafirmou: “Não acho que se possa dizer que não é democrático um governo se o povo, devidamente informado e devidamente consciente, votou de uma determinada maneira. Há muitas práticas que correm também na democracia e não são, na minha opinião, muito saudáveis, como o exercício amplo do poder econômico em muitos países”, disse.

Amorim deixou clara a disposição do governo brasileiro de intervir junto a Hugo Chávez quando necessário. “Vamos continuar trabalhando, vamos continuar exercendo, quando for o caso e da maneira adequada, com todo respeito pela soberania venezuelana, a nossa persuasão, se for o caso, em relação a alguns temas”, afirmou.

Durante a gravação do programa, que vai ao ar amanhã (18), às 22h, o chanceler chegou a falar de uma “influência positiva” que o Brasil poderia exercer sobre o país vizinho caso a Venezuela seja aceita no Mercosul.

“O Congresso vai decidir soberanamente sobre uma questão que é relativamente simples na minha opinião: interessa ao Brasil ter a Venezuela dentro do Mercosul, interessa ao Brasil expandir as suas relações econômicas, interessa ao Brasil, inclusive, ter alguma capacidade de influência sobre a Venezuela? É mais fácil e é mais provável que você possa exercer essa influência, que é positiva do ponto de vista do nosso interesse, tendo a Venezuela no Mercosul do que tendo a Venezuela isolada”, acrescentou.
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