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Lula pede nova "governança mundial" com mudanças no FMI e no BM

EFE

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu hoje em Londres uma nova "governança mundial", que garanta mudanças em instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM).

"Não podemos deixar que uma recuperação da economia, embora parcial, adie as mudanças profundas e necessárias na governança mundial", ressaltou Lula, em um seminário sobre as oportunidades de investimento no Brasil, organizado pelo "Financial Times".

Lula disse que a crise econômica internacional, que "ainda não terminou", teve "efeitos devastadores" não só para o sistema financeiro, mas, "sobretudo, nos países em desenvolvimento".

"É urgente recuperar empregos e renovar esperanças. Isto exige uma revisão dos paradigmas que levaram a economia global à beira do princípio", afirmou Lula, no segundo de sua visita de dois dias ao Reino Unido.

Essa revisão, segundo o presidente, deve traduzir-se, por um lado, no fato de que "a especulação financeira não pode comandar a economia e prevalecer sobre a produção", e por outro de que "o sistema financeiro precisa ser regulado ou fiscalizado".

Diante de um auditório cheio de líderes empresariais internacionais, o presidente do Brasil admitiu que há avanços na reestruturação das instituições de Bretton Woods (sistema que determinou uma nova ordem financeira mundial após a Segunda Guerra Mundial), mas "ainda falta muito para restaurar uma governança forte e transparente".

Lula defendeu "novas estruturas e regras que reflitam a emergência dos países em desenvolvimento como atores indispensáveis em um mundo cada vez mais interdependente".

O chefe de Estado brasileiro pediu mudanças em dois organismos que nasceram como resultado de Bretton Woods: o FMI e o BM.

Em sua opinião, o FMI deve adotar um "formato de assistência financeira que não estabeleça condições e imposições sobre os países em desenvolvimento, como ocorreu no passado, e que garanta a supervisão efetiva e equilibrada de todos os países, incluindo os ricos".

Ao mesmo tempo, o BM tem que "maximizar seu apoio às políticas anticíclicas, com prioridade para os países mais necessitados do mundo em desenvolvimento".

"Esse conjunto de iniciativas serão em vão sem instâncias supranacionais de regulação", advertiu Lula, ao ressaltar a necessidade de "mecanismos de controle com alcance verdadeiramente real".

Lula disse que a economia brasileira vive um "momento excelente" para o investimento estrangeiro.

"Não tenho dúvidas de que cresceremos pelo menos 5% em 2010", afirmou, e previu, em entrevista prévia ao "Financial Times", que o Brasil se tornará "entre 2016 e 2020 (...) a quinta economia do mundo"

"Voltamos ao crescimento" após a crise, insistiu o presidente, já que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional crescerá 1,2% este ano, como explicou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também presente na conferência.

"Estamos cansados de ser o país do futuro. Não vamos desperdiçar as oportunidades do século XXI. O século XXI é o século do Brasil", ressaltou Lula, ao promover seu país como um destino atrativo para o investimento.

Lula lembrou que a realização da Copa do Mundo em 2014 no Brasil e dos Jogos Olímpicos em 2016 no Rio de Janeiro precisará de "novos investimentos em infraestrutura e transportes".

Lula também antecipou que o Brasil começará a explorar nos próximos anos as "enormes reservas de petróleo e gás" na camada pré-sal.

Esses recursos, segundo ele, "não nos desviarão de nossas metas de consolidar nossa matriz energética como a mais limpa e renovável do planeta".

O seminário também teve a participação do presidente do banco espanhol Santander, Emilio Botín, que ressaltou que "o Brasil se tornou por méritos próprios uma potência mundial e deixou de ser o país do futuro para se transformar no país do presente".

Após a conferência, Lula, que se reuniu na quarta-feira com o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, deve se encontrar com a rainha Elizabeth II da Inglaterra.

Depois, o líder latino-americano receberá o prêmio do Real Instituto de Relações Internacionais de Londres (Chatham House), que reconhece anualmente "a contribuição mais significativa para a melhora das relações internacionais no ano anterior".
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