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Após 4 meses, moradores aprovam apartamentos do PAC, com restrições

G1

O sonho de sair de uma favela e ir morar num condomínio se tornou realidade para 152 famílias no conjunto de favelas do Alemão. Grande parte dos moradores se mudou em junho, quando os apartamentos na Avenida Itaóca, em Bonsucesso, no subúrbio, eram recém-inaugurados.

A primeira impressão foi boa, mas agora, passados mais de quatro meses, eles reclamam da falta de serviços e da qualidade da obra.

“No geral, é muito bom, mas precisamos de melhorias. Tem que cercar a área, mas o governador já disse que não porque isso aqui é uma área pública. É tudo muito exposto, falta coleta de lixo e há pouca iluminação. Você não vê uma lixeirinha no condomínio”, conta Cristiane da Silva Santos, de 34 anos, que saiu da comunidade Fazendinha para viver no condomínio.

Segundo ela, não há registro de roubos no condomínio, só de pequenos furtos. “Teve uns furtos de sabonete e xampu. Mas fizemos uma ronda e descobrimos que eram uns garotos de rua que pegavam do basculante”.

Falta coleta de lixo e segurança

Um dos subsíndicos do condomínio, Robson Araújo, também reclama da falta de serviços públicos. “Precisamos de mais segurança, iluminação e limpeza. Tem horas que aqui é tudo escuro. Os garis não vêm aqui dentro para varrer, você não vê nenhuma cesta de lixo. Só tem uma caçamba de lixo pra todo condomínio, e o lixo é recolhido de três em três dias. Fica um mau cheiro horrível. Tinha que ter um muro de proteção também. Esse tapume divisório que você tá vendo é provisório. Aqui entra quem quer”.

A mulher de Robson, Maria Amélia Romão, concorda. “Eles (os governantes) pensam que dar casa é o suficiente. Tiraram a gente da comunidade, e agora a gente é que se vire. Mas não é só dar casa. Aqui a gente tem que pagar água e luz. Falta segurança. Já que tiraram a gente de lá (da favela), onde a gente tinha segurança à moda deles (dos traficantes), tem que oferecer segurança”.

Os casal vivia na comunidade de Manguinhos, no subúrbio. No conjunto do PAC, eles, como todos os seus vizinhos, nada pagam, exceto os serviços públicos.

Segundo os moradores, o condomínio é divido em cinco blocos. Cada bloco tem seu próprio síndico, que faz parte de uma comissão gestora que se reúne semanalmente com pessoas envolvidas no projeto para discutir problemas e tentar soluções. Mas, segundo eles, a maioria dos pedidos fica sem resposta.

Outro morador, Fabiano Santos, de 32 anos, acredita que o grande problema é na infraestrutura da obra. “Não tem comparação com uma favela. Mas pelo fato de saber que não há comparação é que houve desleixo. É claro que aqui é muito melhor, mais bem organizado, você não vê fio pendurado e tem saneamento básico. Mas se você observar bem vai ver que foi tudo feito com material de quinta categoria e mão de obra de décima”.

Fabiano tem na ponta da língua uma série de reclamações: “As portas são de lata, muito frágeis. O vaso sanitário foi colocado tão perto do ‘box’ que você faz xixi com um pé dentro do chuveiro. A pia tá solta. Toda água do chuveiro cai fora do box e o banheiro fica inundado. As portas estão caindo, foram feitas de lata. Tem muita coisa inacabada. A minha laje, por exemplo, está com uma infiltração. Quando viemos pra cá, a caixa d’água estava cheia de cimento e areia. Na casa de uma vizinha, o tanque caiu sozinho uma semana depois que ela se mudou. A pia da cozinha tem uma mancha preta. Isso não é sujeira, é do material que eles colocaram, que é muito ruim”, reclama.
Segundo a Secretaria estadual de Obras, 152 unidades foram entregues no Alemão e outras 56 no Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio. Até o final do ano, outros 483 apartamentos devem ficar prontos em Manguinhos, no subúrbio, e mais 192 no Alemão.

A Secretaria prevê ainda que mais 74 famílias possam se mudar para o Pavão-Pavãozinho no início do próximo ano.
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