O aumento na participação dos veículos importados na venda total, que chegou a 14,9% na média deste ano até outubro, ante 13,3% em 2008, já preocupa as montadoras. No mês passado, esse percentual atingiu 17,0%.

O presidente da Anfavea (associação das montadoras), Jackson Schneider, disse que "preocupa, principalmente quando se vê os estímulos dados por outros países" para as exportações "e o real valorizado", que torna esses veículos mais acessíveis ao bolso do brasileiro. "A Anfavea defende o câmbio flutuante, mas temos olhado os efeitos que pode trazer para a cadeia produtiva", afirmou.

O desempenho do mercado automotivo em outubro, terceiro melhor mês em vendas da história, fez Schneider arriscar um acréscimo de "70 a 80 mil" veículos na projeção de vendas totais para o ano. Segundo a previsão oficial da entidade, 2009 deve ter 3 milhões de automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões emplacados, 6,4% a mais do que no ano passado, que já havia batido recorde.

A produção, que registrou no mês passado a segunda maior quantidade de veículos fabricada na história, ainda não foi suficiente para recuperar totalmente os estoques, que fecharam outubro em 215.819 unidades, o que equivale a 22 dias de vendas considerando o ritmo atual do mercado, dos quais 4 na indústria e 18 nas concessionárias. Em setembro, com a corrida às lojas para aproveitar o último mês com o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na menor alíquota, eram apenas 17 dias.

"Não é um estoque de conforto. Ainda está três a quatro dias abaixo do que seria necessário", afirmou Schneider, para quem o nível deve voltar ao patamar normal já neste mês. A produção mensal, no entanto, não deve bater recorde neste ano, mesmo com o aumento para ajuste de estoques, na avaliação do presidente da Anfavea.