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Interligação do sistema facilita propagação da falta de energia

Folha de S. Paulo

O sistema elétrico brasileiro é quase todo interligado. Se, por um lado, isso facilita o intercâmbio e permite que regiões com menos capacidade de geração recebam energia de locais onde estão localizadas usinas maiores, por outro facilita a propagação de problemas.

Dessa forma, se um acidente ocorre na hidrelétrica de Itaipu, na divisa do Paraná com o Paraguai, seus efeitos poderão ser sentidos em todo o país, com exceção dos Estados do Amazonas, de Amapá e de Roraima, que continuam isolados. Nesses Estados, o abastecimento de energia é feito principalmente por meio de termelétricas a óleo.

Recentemente, o país passou a utilizar com mais intensidade termelétricas a gás e a óleo como energia de reserva, como se fossem uma espécie de seguro contra racionamento. A estratégia pela qual o governo federal optou trouxe custos para os consumidores e resultou em aumentos mais elevados nas tarifas de energia.

Essa tática é correta do ponto de vista estrutural, mas é inócua para evitar acidentes. Ou seja, se há uma perspectiva de que as grandes hidrelétricas fiquem com seus reservatórios de água mais vazios do que o recomendável, aciona-se as termelétricas e poupa-se água, evitando racionamento. Sob esse aspecto, as termelétricas de reserva são eficazes.

No entanto, se subitamente uma grande usina sai do sistema ou uma linha de transmissão importante é desligada não é possível acionar rapidamente termelétricas para suprir a falta de energia repentina. Nesse caso, os técnicos só podem trabalhar para recompor o sistema o mais rápido possível.

Custo mais alto

Em um sistema interligado, o risco de blecautes que atingem grandes regiões é constante. Pode ser minimizado por meio da construção de mais linhas alternativas, mas o limite é o custo que o consumidor está disposto a pagar pela tarifa. Quanto mais seguro o sistema, mais cara a tarifa.

Em 1999, um raio teria atingido uma subestação do município de Bauru, no interior de São Paulo, o que levou a blecautes em metade do país. Em janeiro de 2002 um desligamento em uma linha de transmissão entre as usinas de Ilha Solteira (SP) e a cidade de Araraquara (SP) foi a causa de falta de energia em 11 Estados.
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