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Lobão descarta o uso de gás boliviano para termelétrica de Cuiabá

De Brasília - Marcos Coutinho e Vinícius Tavares

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, descartou nesta quarta-feira, em Brasília, a possibilidade de a União voltar a fazer ingerências diplomáticas junto ao governo boliviano para a retomada da compra de gás para a usina termelétrica Mário Covas, em Cuiabá. Para o ministro, não há necessidade de obter gás mesmo que seja para suprimento de energia em caso de falta de abastecimento.

Além disso, segundo Lobão, o governo federal já esgotou o diálogo político e diplomático com La Paz e agora caberá à empresa controladora da usina, a Pantanal Energia, fazer gestões junto às autoridades bolivianas a fim de garantir a retomada do reabastecimento, cortado unilateralmente em setembro de 2007.

"Não há possibilidade nenhuma de voltarmos a fazer novas ingerências. Tudo o que poderia ter sido feito nós fizemos. Agora cabe à empresa privada fazer essa ingerência", declarou o ministro, em resposta a um questionamento feito pelo Olhar Direto.

O não-aproveitamento do gás boliviano tem gerado questionamentos por parte do setor produtivo e do governo mato-grossense, pois o custo do produto para o Brasil é entre seis ou sete vezes mais baixo do que o preço pago por norte-americanos e europeus. A Usina Mário Covas, em Cuiabá, está há mais de dois anos desativada por falta de gás. A unidade foi construída por um consórcio norte-americano e desde 2002 vem sendo administrada pela Shell e pela Pantanal Energia, além de participação da MT Gás.

Durante entrevista coletiva concedida ontem em Brasília, o ministro Edison Lobão e os diretores do Operador Nacional de Energia (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) forneceram detalhes sobre as causas do blecaute que atingiu 18 estados e derrubou 40% do fornecimento de energia elétrica no país.

De acordo com o ministro, as chuvas e os fortes ventos que atingiram o estado de São Paulo na noite de terça-feira promocaram a derrubada das três linhas de transmissão que conduzem energia produzida na hidrelétrica de Itaipu. "Todas as fontes geradoras de energia estavam em perfeito funcionamento. O problema foi nas linhas de transmissão. As termelétricas e as usinas nucleares estavam de prontidão mas não foram acionadas porque não havia falta de energia", esclareceu.

Conforme concluiu o Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico, o alcance do apagão foi provocado por uma questão de segurança. "O sistema de proteção desligou as linhas de transmissão que abastacem os outros estados para evitar maiores acidentes devido à intensidade das chuvas. O Brasil, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, é o país com a maior incidência de rraios e outros fenômenos atmosféricos", esclareceu.

O diretor da Aneel, Nelson Hubner, informou ainda que as empresas fornecedoras de energia elétrica vão se responsabilizar por eventuais danos em aparelhos eletrodomésticos. O telefone da Aneel é o 167.

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