Imprimir

Notícias / Política BR

Battisti mantém greve de fome e está otimista por decisão de Lula, diz Suplicy

Folha Online

O terrorista italiano Cesare Battisti decidiu manter a greve de fome iniciada na semana passada em defesa da manutenção do seu refúgio político no Brasil. Apesar de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter decidido pela sua extradição para a Itália, Battisti disse nesta quinta-feira ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) estar otimista para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o mantenha no Brasil --por isso vai dar continuidade à greve até a decisão final do caso.

"Ele continua [em greve], embora tendo ouvido o advogado e eu que ele poderia encerrar a greve, mas isso é uma decisão pessoal dele. Ele continua em greve de fome aguardando a decisão. Pelo que eu entendi, ele vai manter a greve e tem esperança de que ele poderá receber a condição de refúgio no Brasil e poder ter uma vida normal", afirmou o senador.

Suplicy disse que Battisti estava "relativamente calmo" e considerou importante o Supremo ter deixado para Lula decidir sobre a sua extradição. "Ele conversa normalmente, escreveu uma página para o advogado, está enfraquecido, perdeu nove quilos desde a greve e apreensivo no que poderá acontecer", disse o senador.

O encontro de Battisti com Suplicy e o advogado do italiano, Luis Roberto Barroso, durou cerca de uma hora e meia na penitenciária da Papuda, onde o terrorista cumpre pena. Segundo Barroso, Battisti espera que Lula mantenha a decisão política tomada pelo ministro Tarso Genro (Justiça) de conceder oficialmente refúgio político.

"O STF, como se verificou ontem, estava dividido e até se tinha a expectativa que se fosse proclamado o resultado como empate, mas o presidente optou por votar. Uma decisão muito dividida que se reconheceu que a competência final é do presidente da República, uma decisão política dele, e não haveria porque ele deixar de reiterar uma postura do seu governo, e nem veria como a possibilidade dele entregar Battisti à repressão na Itália", disse o advogado.

Na opinião de Suplicy, Lula vai manter a decisão de deixar Battisti no Brasil. "O presidente Lula tem razões consideráveis, as pessoas que estudaram como se deram os processos na Corte Italiana e europeia, ao se verificar que Battisti não teve um defensor de livre espontânea vontade, que foram falseadas as procurações dos defensores, ao se saber que as únicas denúncias foram dos delatores premiados e que não há perícia técnica consistente que comprove os assassinatos", afirmou o petista.

O senador disse que pretende colaborar com a "reflexão" que será feita por Lula antes de tomar a sua decisão no caso Battisti. "Vou telefonar ao chefe de gabinete de pessoal do presidente, Gilberto Carvalho, para dizer que gostaria de ter a oportunidade de refletir junto ao presidente, eu sei que ele está ouvindo muitas vozes que confia", disse.

Suplicy é um dos principais defensores da manutenção de Battisti no país. Ao lado de um grupo de cerca de 20 parlamentares, o petista se reuniu com o terrorista esta semana para demonstrar contrariedade à sua extradição.

"Gostaria de perguntar se a Itália tem qualquer pessoa, qualquer testemunha sã e adulta que tenha visto Battisti cometer os quatro assassinatos que nega, inclusive que ele possa dizer aonde estão os delatores premiados", questionou o petista.

Decisão

Por 5 a 4, os ministros do STF decidiram ontem que o presidente Lula tem autonomia para deliberar em última instância sobre a extradição de Battisti para a Itália.

A Corte também determinou o retorno de Battisti para a Itália por entender que ele cometeu crimes hediondos, e não políticos.

No entanto, a Itália deve equiparar a pena de Battisti à punição máxima permitida pela legislação brasileira --que é de 30 anos-- para que ele seja extraditado. Lá, ele é condenado à prisão perpétua.
Imprimir