Eviton Porto, de 42 anos, surfa quase diariamente na Praia da Vila, em Imbituba (SC). Ele nunca participou de competições profissionais, mas se tornou um campeão ao ser exemplo de superação e força de vontade. Desde que perdeu a perna direita num acidente, Porto continua surfando e nunca abandonou a vontade de viver sobre as ondas.

O “Catarina” , como é conhecido, fabrica pranchas desde 1970 e já produziu equipamentos para a antiga Speed Line, de Porto Alegre, que na época era de propriedade do amigo João Magalhães, hoje empresário na Praia do Rosa.

Apesar da paixão pelo esporte, Porto escolheu ganhar a vida trabalhando nas oficinas “Meu negócio mesmo é fabricar as pranchas”, diz.

Há dois anos, Porto sofreu um grave acidente de moto em Imbituba. Ficou duas semanas em coma e teve uma parte da perna direita amputada. Quando soube da notícia por um médico, soltou um grito que assustou enfermeiros e vários pacientes.

A reação não foi de tristeza ou desespero. “Foi pura alegria, pois eu estava vivo. Isso era o que mais me importava, pois fui abençoado por Deus”, lembra.

Assim que tirou os pontos da perna amputada, o surfista voltou para o mar. O início foi complicado, mas ele superou tudo com força de vontade e bom humor. Hoje ele surfa deitado e pega ondas durante uma manhã inteira.

Prótese

Há dois meses, o surfista recebeu do Sistema Único de Saúde (SUS) uma prótese que lhe permite caminhar para realizar tarefas comuns do dia-a-dia. O sonho de voltar a surfar de pé, como fazia antes do acidente, também poderá ser realizado em breve, pois surgiu a possibilidade de receber de uma empresa uma perna mecânica.

”Não vou abandonar o surfe e a fabricação de pranchas. Na década de 80, nosso esporte era muito criticado, não nos conheciam direito. Hoje, o surfe é conhecido pela paz, pela saúde, e não vou largar tudo logo agora, que somos mais respeitados”, diz Catarina.