O secretário de Saúde de Cuiabá, Luiz Soares, foi novamente alvo de criticas de alguns dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito da Saúde da Assembleia Legislativa, durante oitivas nesta terça-feira (24). Mas dessa vez ele teve direito a um defensor. E do partido que deve fazer frente ao PSDB em 2010.

“Depois de ter enfrentado toda essa greve, acho que ele (Soares) devia continuar no cargo”, disse o relator da CPI, Wallace Guimarães (PMDB), colega de partido de Silval Barbosa, pré-candidato ao governo do Estado pela situação, enquanto Wilson Santos (PSDB), prefeito de Cuiabá e principal fiador de Luiz Soares, é pré-candidato ao mesmo cargo pela oposição.

“Eu até entendo o Luiz Soares. Ele não conseguiu um novo PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) para todos os servidores da Saúde, só para os médicos”, acrescentou o deputado, que já foi diretor do Pronto-Socorro de Várzea Grande, mostrando solidariedade para com o secretário de Saúde.

Após as oitivas, Wallace confirmou que os médicos ganham pouco e “merecem um salário digno”, mas ressaltou o fato de todos os outros servidores da área ganharem ainda menos. “Dentista, enfermeiro e técnicos, todos esses ganham ainda menos”. Para ele, seria justo um PCCS para toda a pasta.

Além disso, o parlamentar defendeu que ainda é preciso elucidar vários fatores antes de colocar a culpa na má gestão. “Precisamos diagnosticar se é problema de gestão ou se faltam recursos. Porque, se faltam recursos, o gestor pode ser responsabilizado sem ter culpa”, declarou.

O peemedebista aproveitou para classificar como “aviltante” e “desrespeitosa” a tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com Wallace, ela paga muito pouco e desmotiva o profissional da área. Palavras reforçadas por Luiz Carlos Alvarenga, presidente do Sindimed. “Não há contrapartida financeira em comparação com a rede privada”, completou o sindicalista.

Enquanto isso, outros parlamentares, dentre eles o presidente da CPI, Sérgio Ricardo (PR), voltaram a apontar a má gestão dos recursos do SUS como causa da crise. “Sabemos que o recurso é pouco, mas é preciso saber aplicar”, declarou o parlamentar republicano em alusão à administração de Cuiabá.

“Existe uma dificuldade na gestão dos recursos da Saúde em Cuiabá e também um erro de planejamento”, disse Sérgio Ricardo. Durante a sessão de sabatina ele ainda "cutucou" dizendo que não sabe se “Luiz Soares ainda é ou não secretário”, e pediu uma definição para o imbróglio.

Percival Muniz (PPS), deputado responsável pela criação da CPI, foi ainda mais longe. Segundo ele, a saúde em Cuiabá é “caso de polícia”. “Se a Justiça manda prender quem tenta o homicídio, imagine em Cuiabá, onde houve homicídio, já que pessoas morreram em decorrência da falta de gestão”, concluiu.