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Novo presidente do PT debate resistências com PMDB
Reuters
Mesmo sem a oficialização de seu nome, o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, participou nesta quarta-feira de reunião com líderes do PMDB para debater as resistências à aliança entre as duas legendas nos Estados.
Com 85 por cento dos votos apurados na eleição interna do PT, Dutra tem 57,9 por cento, enquanto o segundo colocado, o deputado José Eduardo Cardozo ficou com 17,2 por cento. A finalização sai até quinta-feira pela manhã.
"Superar as dificuldades não é uma engenharia fácil. Temos que fazer uma aliança nacional e, ao mesmo tempo, nos Estados onde há divergências, convergir para uma posição só", disse Dutra a jornalistas nesta quarta-feira sobre o apoio do PMDB à eleição da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Segundo o novo presidente do partido, candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, há Estados onde a união já está fora de cogitação: Pernambuco, Rio Grande do Sul e Mato Grosso Sul, além de São Paulo.
Na Bahia, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB) vai concorrer com a tentativa de reeleição de Jaques Wagner (PT).
"Temos que tentar convencer o PMDB que o bom caminho é o caminho de apoio à continuidade do projeto do presidente Lula", disse o deputado Ricardo Berzoini (SP), atual presidente o PT.
Um dos principais defensores da aliança PT-PMDB, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu acrescentou à lista de dificuldades o Estado Acre.
"Temos que nos render à realidade. Há casos em que o PMDB não nos apoiará em hipótese alguma como São Paulo e Pernambuco, e mesmo Rio Grande do Sul e Acre", disse Dirceu em seu site.
Em Santa Catarina, segundo Dirceu, o PMDB deve se aliar à oposição para apoiar a candidatura oposicionista do governador José Serra (PSDB-SP) à Presidência, enquanto no Mato Grosso do Sul o PT quer ter candidatura própria.
Há ainda dificuldades no Pará, onde o deputado Jáder Barbalho (PA) pretende se candidatar e, no Rio de Janeiro, o atual prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT) desafia orientação da sigla em aderir à reeleição do governador Sergio Cabral (PMDB).
A situação se complicou no Rio com o segundo turno da eleição para a direção do PT no Estado, em que vão concorrer o deputado Luiz Sérgio e Lourival Casula, que defende a candidatura própria.
Ex-dirigente da Petrobras e da BR Distribuidora, Dutra disse que a ministra Dilma deveria deixar o cargo no início de abril, como reza a legislação. Berzoini havia defendido a saída em fevereiro após o congresso do partido que vai chancelar a candidatura e as alianças.
O PT calcula que 440 mil dos 1,3 milhão de filiados compareceram à eleição interna, número recorde em eleições internas da legenda. A posse de Dutra, geólogo que foi sindicalista e senador, está agendada para fevereiro.