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Bovespa sofre segundo pior "tombo" do mês com temor por Dubai

Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve o segundo pior "tombo" deste mês, sem escapar da derrocada generalizada que vitimou as principais Bolsas de Valores do planeta. O chamado "efeito Dubai" deixou os investidores temerosos de que o mundo possa assistir a uma das piores moratórias da década. E em um ambiente de maior nervosismo, o dólar atingiu R$ 1,75, a maior taxa de novembro.

A ausência dos mercados americanos, devido ao feriado local (Dia de Ação de Graças), esvaziou fortemente o volume de negócios.

O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, recuou 2,25% no fechamento, aos 66.391 pontos. O giro financeiro foi de R$ 3,86 bilhões, ante uma média de R$ 6,61 bilhões/dia neste mês.

"Há alguma expectativa pela reabertura dos mercados americanos, que provavelmente devem reabrir de mau humor amanhã. Nós já fizemos alguns ajustes hoje, mas é provável que, se as quedas forem muito fortes por lá, aqui também vai refletir essa baixa", comenta Marco Aurélio Etchegoyen, operador da corretora gaúcha Diferencial. "Nós vamos ter que acompanhar os desdobramentos desse caso no médio prazo. A notícia foi divulgada mas ninguém sabe muito bem o que deve acontecer. A verdade é que tudo ainda está numa fase muito preliminar", acrescenta.

O dólar comercial foi negociado por R$ 1,750, alta de 1,39% sobre a cotação final de ontem. "O giro foi muito baixo tanto no dólar quanto na Bolsa. A alta de hoje foi principalmente por conta de Dubai, com o medo do tamanho dos rombos de lá. Pessoalmente, acho que essa taxa de R$ 1,75 não se sustenta amanhã, mesmo porque a proporção de entrada de dólares está muito acima das saídas. Os nossos juros ainda estão muito bons [para o investidor externo]. Agora, tudo vai depender de como os americanos vão refletir essa notícia, quando os mercados reabrirem amanhã", diz Paulo Prestes, da mesa de operações da corretora Exim.

O mercado global repercutiu durante todo o dia o pedido de Dubai (Emirados Árabes Unidos) para renegociar uma dívida de bilhões de dólares, com o temor de que os problemas do pequeno país árabe aumentem a aversão a risco dos investidores.

"A Dubai World [estatal] tem a intenção de pedir aos que estão entre os seis credores e aos credores da Najeel que esperem ao menos até 30 de maio de 2010 para o pagamento de dívidas vencidas", afirmou em um comunicado o Fundo de Apoio Financeiro de Dubai, que vigia os efeitos da crise na economia do emirado.

O episódio provocou a derrubada generalizada das Bolsas, desde o mercado asiático (queda de 0,62% em Tóquio) passando pelas Bolsas europeias, onde o estrago foi maior: em Londres, o índice FTSE derreteu 3,18%; em Frankfurt, o Dax cedeu 3,25%, e em Paris, o Cac teve queda de 3,41%.

Nem as boas notícias do front doméstico ajudaram a melhorar o humor dos investidor. Por aqui, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a taxa de desemprego caiu (de 7,7% para 7,5%) entre setembro e outubro. A inflação subiu para 0,44% em novembro (pelo IPCA-15), mas sem assustar o mercado; e a Fiesp (federação das indústrias paulistas) registrou uma expansão de 1,6% na atividade do setor.
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