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Secretário contesta relatório que diz que polícia do Rio é a que mais mata

G1

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, contestou o resultado de um relatório da ONG Human Rigths Watchs que a aponta a polícia do Rio como uma das que mais mata no mundo. O documento foi divulgado nesta terça-feira (8).

“Não conheço os detalhes dessa pesquisa, mas eles não gostam de ouvir que aqui temos três facções criminosas, que temos territórios armados. Isso eles não gostam de considerar. Estamos trabalhando para melhorar a vida do cidadão, mas não vamos mudar toda uma política por causa de um relatório que se desvia, de certa forma, da realidade que vivemos aqui no Rio”, afirmou, ao fim da solenidade de lançamento do Portal de Segurança, que vai integrar o banco de dados de vários órgãos da área no estado.

O secretário ressaltou que a política de segurança não compactua com a violência do policial, no entanto, segundo ele, é preciso “levar em consideração características em que o policial tem que agir em situações complexas”. “Não posso admitir isso de forma absoluta, como o relatório coloca.”

Ele citou operações em que policiais enfrentam traficantes com armas pesadas. “Prova disso é o armamento retirado esta semana na Vila Vintém. É isso que o policial encontra. Mas nenhum policial tem ordem para matar”, disse.

Segundo Beltrame, a implantação de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) tem o objetivo de reduzir os números de homicídios e de outros delitos. “É uma das alternativas que estamos adotando. A preparação do policial, o trabalho da corregedoria, saber como subir em áreas conflagradas são medidas que também estão sendo adotadas.”

Ele lembrou, como exemplo, que com a instalação da unidade pacificadora na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, houve redução de casos de homicídios na região. “Conseguimos baixar os números de auto de resistência de 20 para 2”, acrescentou

Força Letal

O relatório da ONG, que se dedica, internacionalmente, à defesa dos direitos humanos, foi denominado “Força Letal: Violência Policial e Segurança Pública no Rio de Janeiro e em São Paulo” tem como base uma pesquisa de dois anos.

Segundo o relatório, em 2008 a polícia do Rio prendeu 23 pessoas para cada morte em autos de resistência. Em São Paulo, foram 348 prisões para cada morte. Nos Estados Unidos, essa média é de 37 mil prisões para cada caso de resistência seguida de morte.

Ainda em 2008, a polícia do Rio matou 1.137 pessoas; a de São Paulo, 397; enquanto a polícia americana matou, em um ano, 371 pessoas.

O relatório afirma que grande parte dos mais de 11 mil casos de resistência seguida de morte registrados no Rio e em São Paulo, desde 2003, tem grande chance de ter sido, na verdade, execuções extrajudiciais. Os casos de resistência seguida de morte (ou autos de resistência) se referem a mortes cometidas por policiais em confrontos em que supostos suspeitos de crimes resistem à prisão.

Os números de dois estados são comparados aos números de dois países inteiros. O documento comparar o índice de letalidade desses confrontos no Rio e em São Paulo, além de África do Sul e Estados Unidos. O autor do estudo, o pesquisador Fernando Delgado, explicou que a escolha dos dois países para comparação foi feita porque ambos possuem um nível alto de violência.

Ele afirmou que o relatório foi entregue ao governador do Rio, Sérgio Cabral, na segunda-feira (7), que prometeu fazer uma análise crítica. Nesta quarta (9), Delgado contou que os organizadores do estudo irão se encontrar com o Procurador de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

O governado do Rio disse que não vai se manifestar sobre o relatório
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