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No Dia do Palhaço, profissionais lamentam ver imagem em protestos

G1

Palhaços se reuniram na Câmara dos Deputados para participar do “Seminário dos Palhaços Brasileiros” nesta quinta-feira (10). O evento organizado por José Carlos Santos Silva, o palhaço Plim Plim, contou com os deputados Paulo Rubens Santiado (PDT-PE) e Pedro Wilson (PT-GO), que participaram dos debates. Hoje se comemora o Dia do Palhaço.

Na pauta do seminário, que contou com apenas três palhaços, estava a reivindicação de aposentadoria para profissionais da área e a aplicação da legislação que obriga as escolas a matricular os filhos de profissionais circenses, que passam temporadas em várias cidades por ano. Além dessas questões que envolvem a legislação, os palhaços também reclamaram do mau uso da sua imagem que é constantemente associada aos escândalos de corrupção.

“Ver pessoas vestidas de palhaço para reivindicar contra escândalos de corrupção me entristece. Temos que acabar com esse duplo sentido. Fico triste quando a imprensa compara nossa imagem com a de pessoas corruptas. Quando dizem que esses caras são palhaços não está certo, eles são corruptos. Por que não usam uma farda de soldado para protestar?”, disse Plim Plim. Segundo ele, “não há graça nenhum na roubalheira e na corrupção”.

Nos últimos dias, Brasília teve manifestações contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), que é apontado em inquérito do Superior Tribunal de Justiça como sendo o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados. Em algumas das manifestações, pessoas usaram nariz de palhaço em sinal de protesto. O escândalo do mensalão do DEM de Brasília começou no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora.

O deputado Paulo Rubéns Santiago fez coro aos palhaços e pediu que não se façam mais ligações de escândalos de corrupção com a imagem desses profissionais. “Parem de chamar palhaços aqueles que não são palhaços. Maus políticos não são palhaços, são traidores dos eleitores. Maus administradores não são palhaços, são corruptos”, comentou.

Segundo ele, uma das atividades que mais cresce no país é o de animação de festas infantis e de empresas, que invariavelmente conta com a participação de palhaços, e esse é um dos caminhos para a profissionalização da atividade e o reconhecimento laboral dos palhaços.

Santiago disse que o pequeno número de parlamentares não compromete o debate dos temas propostos no seminário. “Não fica comprometido o debate, porque depois vamos ouvir o que foi discutido e realizar reuniões na Comissão de Educação e Cultura para levar adiante as reivindicações”.

Plim Plim explicou que não teve oportunidades de estudar, mas que quer dar essa chance para sua filha Carla Vitória. “A legislação existe, mas não é cumprida. Quando se chega na escola e tenta matricular a criança negam a vaga e dizem para reclamar na Justiça”, contou.

Ricardo Alberto Dantas, o palhaço Zócrino, disse que a luta na vida de palhaço é difícil. “O reconhecimento da profissão é uma luta difícil, porque chega uma parte da vida da gente que a gente não tem mais condições de lutar. Estou em Brasília há quatro anos e chega um momento que não tem mais oportunidade de continuar como palhaço”, explica.

Atualmente, Zócrino sustenta sua mulher e os dois filhos fantasiado de palhaço e vendendo pipoca nos sinais de trânsito de Brasília. “Eu mesmo trabalho no sinal, vendo pipoca. Não é que esqueci o palhaço, mas a vida na capital é difícil e as pessoas estão abandonando a arte. Fui palhaço por 12 anos e há quatro deixei de trabalhar nos circos”, diz.

Plim Plim, que se orgulha de ter o “menor circo do mundo” e faz apresentações em um ônibus, disse que os palhaços não têm nenhuma garantia trabalhista e nem chance de receber aposentadoria e essa é uma das reivindicações dos profissionais.
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