Imprimir

Notícias / Variedades

Dinho diz que ainda não conseguiu ver a imagem de seu acidente

G1

A imagem não é boa - captada por um fã. Mas esses poucos segundos borrados de um show no mês passado bastaram para deixar o Brasil apreensivo, esperando por notícias de Dinho Ouro Preto. O cantor do Capital Inicial dá a primeira entrevista após o acidente.

“O Yves estava tocando na passarela, eu passei por ele, comecei a andar de costas, e - olha só que ironia - a última coisa que eu lembro é de perceber que eu estava com o pé em cima da fita crepe, que dizia onde parar”, diz o cantor.

Há exatamente seis semanas os fãs de Dinho Ouro Preto esperam essa boa notícia - e o Fantástico vai dar essa boa notícia - quer dizer... ele vai dar: tá novo Dinho?

Por pouco que não pegou uma vértebra. Por pouco não fiquei tetraplégico, ou morri"
“É... Em vias de! Estou recauchutado, passei pelo martelinho de ouro”, afirma ele. “Olha, eu quebrei meu crânio, eu quebrei... Acho que cinco ou seis vértebras, e seis costelas. Fora os cortes. Os cortes não foram tão graves. O grave foi aqui, perto da minha nuca, foi por pouco que não pegou uma vértebra. Por pouco não fiquei tetraplégico, ou morri,” diz Dinho.

Só que o tombo durante um show em Patos de Minas, de uma altura de mais de 3 metros foi só o primeiro susto. “Depois eu tive uma infecção muito grave também, já no hospital, que degenerou numa septicemia. Então eu voltei à UTI,” diz ele.

As fãs, sem notícias, mal desconfiavam que Dinho então corria um risco ainda maior.

“Eu tinha ouvido falar, como a maior parte das pessoas, da gravidade dessas bactérias, que elas são mais fortes do que bactérias comuns, mas... Eu soube, pra você ter uma idéia... Eu soube, há alguns poucos dias atrás, que ela chegou a atingir quase todos os meus órgãos, e quando chega nesse estágio, a maior parte das pessoas... morre”, conta o cantor.

Dinho prossegue: “O fato é que você estando deitado numa cama, prostrado, onde você não consegue ler, você não consegue escrever, você não consegue ver televisão, eu não consegui me concentrar - eu não conseguia fazer nada, então, a única coisa que eu podia fazer é introspecção, eu ficava olhando pro teto e pensando na minha vida, como é que ela seria dali em diante, como aquilo mudaria minha vida”.

Eu não consegui ver a imagem. Eu tentei ver. Eu entrei no site, botei o play, e quando começou me deu uma náusea e eu tive que parar, não consegui"
O cantor revela que ainda não viu a queda que sofreu. “Eu não consegui ver a imagem. Eu tentei ver. Eu entrei no site, botei o play, e quando começou me deu uma náusea e eu tive que parar, não consegui... Não sei se jamais eu vou conseguir ver”, diz ele.

“Qual é o estado do artista ali no palco e por que parece, é tão fácil cair, é tão comum?”

“Bom, eu atribuiria a esse transe, acho que tem muita gente que bebe, e se droga também, vai saber, acho que deve ter motivos diferentes - aliás, num primeiro momento, negociando com meu seguro, eles insinuaram que eu tivesse bêbado - e depois viram, fizeram exames de sangue e tudo, que eu não, não tinha bebido nada”, afirma Dinho.

Nos poucos momentos de lucidez no hospital, Dinho se preocupava em voltar a tocar. “Eu achava que eu ia dar o show na semana seguinte, e os médicos falavam, não, não sei o que...Vamos falar disso depois,” conta Dinho.

E esse não era o único "devaneio" do cantor: fã do AC/DC, ele implorava para ver a passagem recente da banda pelo Brasil...

“Eu vou na cadeira de rodas, eu ponho a máscara. E aí o cara disse não, e eu tentava negociar com ele... Não, eu me cuido, eu me cuido - e aí ele tinha bom senso - devia estar acostumado a situações parecidas, ele virou e falou... Olha a gente discute isso semana que vem. E aí chegava semana que vem eu me dava conta que o cara tinha razão, que era impossível eu ir ao show,” diz.

De volta à realidade, a primeira coisa que a gente repara é que Dinho está bem mais magro.

“Eu pesava 73 kg - eu cheguei a pesar 68 Kg. Eu sei lá, deve ser 8% do meu peso - não sei exatamente quanto é”, conta Dinho. “Eu ainda sinto dor diariamente, então eu ainda passo o dia tomando analgésicos ou antiinflamatórios, e antibióticos”, diz o cantor.

Dinho detalha as dores que ainda sente. Ele diz que caminhar não é um problema. “Não, caminhar não... Mas na verdade eu quebrei aqui embaixo, essas vértebras aqui, então, é... Eu sinto, não consigo abaixar ainda, pegar uma coisa no chão. Mas o que mais me chama atenção, às vezes, é uma dificuldade de concentração. Ainda uma coisa mental. Ainda... Principalmente se for uma coisa mais a longo prazo, digamos, um diálogo mais longo, ou seu eu for ler livro.”

No seu pequeno estúdio, em casa, e se preparando para finalizar um novo álbum do capital - que já estava quase pronto antes do acidente - Dinho tenta esquecer da dureza da recuperação.

“Houve, aliás, um momento no hospital, em que eu comecei a fisioterapia lá dentro e me pediram, para fazer um gesto (apertar as mãos) e eu não consegui fazer... Esse foi um momento de choro compulsivo, que eu falei: meu Deus do céu! Eu perdi. Eu perdi, eu não conseguia tocar a ponta dos meus dedos - e que eu achei que não ia conseguir mais tocar!”, conta.

“Do mesmo modo que eu tenho que fazer reabilitação pro meu corpo, talvez em algum momento eu tenha que fazer uma reabilitação emocional também, mas eu tenho que fazer musicalmente também, de meio reaprender a tocar - e eu tenho feito, mas aquelas escalas maiores”, diz. "É uma questão de reabilitação, que você precisa de muita disciplina, porque é muito dolorido”.

Dinho diz que quer voltar a tocar em março.
Imprimir