A Polícia Civil apreendeu, na noite de terça-feira (15), uma urna de papelão utilizada na votação para a escolha do novo presidente da Câmara de Vereadores de Ponte Alta, em Santa Catarina, que assumirá o comando da Casa a partir de janeiro de 2010.

Segundo a polícia, a urna tinha um fundo falso. “Não resta dúvida que houve tentativa de fraude”, disse o delegado da cidade, João Sá. A urna e as cédulas foram recolhidos pela polícia e serão entregues ao Ministério Público.

A câmara, que possui nove vereadores, assistia à disputa de dois grupos: a chapa 1, de José Raniel Bartesen, do PMDB, e a chapa 2, do atual vice-presidente da Casa, Júnior César da Silva, do PP. Cada chapa também era formada por dois candidatos para os cargos de primeiro e segundo secretários da Casa.

O atual presidente da Câmara, Sebastião do Prado Gonçalves, do PT, era o candidato a vice na chapa 2, de Júnior Silva (PP). Juntos, PT e PP têm cinco vereadores, ou seja, a maioria. No entanto, um vereador do PP, Edison Portela, estava coligado à chapa 1 como candidato a vice.

Segundo o delegado, a confusão aconteceu após a votação. “Terminou a votação e [o presidente da Câmara] abriu a urna embaixo. Colocou na mesa os votos e deixou a caixa do lado. Um vereador pegou a urna, foi dar uma olhadinha por curiosidade e constatou que tinha um fundo falso. Os votos que foram votados estavam em cima e os outros estavam embaixo no fundo falso”, disse.

O presidente da Câmara diz que é inocente. “Estou na vida pública há muito tempo, é meu quinto mandato consecutivo como vereador, foi a primeira vez que aconteceu uma coisa dessa. Não sei quem fez isso, mas posso te afirmar que jamais faria até porque eu não era o candidato a presidente para o próximo ano. (...) Não sei quem fez essa sacanagem pra tentar jogar contra a minha pessoa porque eu sou inocente nessa história.”

Urna de vidro

Após um tumulto, foi realizada outra sessão, desta vez, com o voto aberto, ou seja, cada vereador declarou, em voz alta, qual chapa escolhia. Bartesen, do PMDB, acabou eleito por unanimidade, inclusive com o voto do rival, Júnior Silva, do PP. “Os companheiros fizeram o pedido pra mim. A gente decidiu ficar com a chapa única para evitar mais transtorno”, explica o candidato derrotado.

Silva, atual vice-presidente da Câmara, diz não saber quem preparou a urna. “A gente é totalmente desconhecedor dessa prática e totalmente inocente. A minha opinião é que alguém fez isso para prejudicar e denegrir minha imagem e a do presidente da Câmara”, diz.

Dono de uma vidraçaria, o vereador Edson Portela (PT), eleito vice-presidente da Casa, conta que já tem uma solução para as próximas votações. “As pessoas me falaram: ‘você tem uma vidraçaria, então pode montar uma urna pra mostrar transparência, uma urna de vidro, que o povo enxergue de um lado para o outro.”

“Foi uma coisa muito feia. O vereador, o político, já tem uma imagem, assim, que não é fácil passar uma imagem boa. É vergonhoso”, afirmou Bartesen.