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Cúpula do DEM determina análise de processo contra deputado do DF até quarta-feira

Folha Online

O comando nacional do DEM decidiu intervir na decisão do diretório regional do partido no Distrito Federal e determinou que termine nesta quarta-feira a análise do processo de expulsão contra o presidente licenciado da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente (DEM). Líderes do partido, no entanto, continuam preservando o vice-governador, Paulo Octávio (DEM), sob o argumento de que não há provas materiais contra ele.

Prudente foi flagrado em um dos vídeos apresentados pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, guardando dinheiro nas meias e que teriam origem no suposto esquema de corrupção do governador José Roberto Arruda (sem partido). O deputado tem até quarta-feira para apresentar sua defesa, mas o diretório só pretendia julgar o caso em janeiro.

Reunidos na manhã de hoje, o presidente do DEM, Rodrigo Maia, os líderes no Senado, Agripino Maia (RN), e na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), ameaçaram levar o caso para a Executiva, caso a questão não seja resolvida logo após a apresentação da defesa. "Foi uma conversa clara, estabelecendo que essa questão precisa ser resolvida até o dia 23. Se não houver um posicionamento, a Executiva avocará para si esse processo", disse Agripino.

O secretário-geral do DEM-DF, Flávio Cury, disse que vai fazer uma convocação para que os 21 integrantes da executiva local participem do julgamento. Ele disse que tinha adiado a análise do caso para depois do dia 10 de janeiro porque corre o risco de a reunião ter baixo quorum. Cury defende que a expulsão seja votada por pelo menos 18 membros da direção do partido.

"Estou fazendo uma nova consulta e pretendo avaliar o quorum. Vamos fazer o que for possível para resolver logo essa questão, mas Brasília vive um momento atípico nesta época do ano, quando muitas pessoas viajam", afirmou.

O relator do caso é o ex-senador Lindberg Cury. Ele assumiu o posto depois que Nilo Cerqueira concedeu entrevistas se posicionado favoravelmente ao desligamento de Prudente.

Segundo integrantes da executiva regional do DEM, a saída de Cerqueira foi necessária porque o relator precisa ter uma posição de "independência" até a apresentação de seu parecer.

Vice-governador

No encontro, o comando nacional e local do DEM no DF discutiram as novas denúncias de Durval Barbosa, delator do esquema, contra o vice-governador. O partido mantém o apoio a Paulo Octávio, afirmando que não há prova material contra ele.

Como não há até agora imagens dele recebendo dinheiro no "mensalão do DEM", o partido espera conseguir mantê-lo distante das acusações para que o partido não fique sem opções de nomes para as eleições de 2010 no DF.

Nos bastidores, porém, parlamentares do partido admitem que a intenção é evitar danos à imagem do vice.

Segundo o líder do DEM no Senado, a situação de Paulo Octávio é a mesma do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que também é citado como beneficiário do esquema. "Não há provas claras. Ele está na mesma situação que a do presidente do PMDB", disse.

O secretário-geral do DEM-DF negou que exista um movimento para proteger o vice-governador e criticou a repercussão dos depoimentos de Barbosa. "Os vídeos são fortes. São imagens mostrando políticos recebendo dinheiro. Agora, não podemos ser precipitados e condenar alguém sem uma prova, um indício mais forte. Nos depoimentos, pode ser apenas retaliação."

O vice-governador tem o nome citado em diversas conversas de Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo do DF, como um dos destinatários de recursos de empresários para o suposto esquema de propina.

Octávio também tem ligações com empresários que teriam repassado dinheiro a integrantes do governo do Distrito Federal. Segundo Barbosa, ele teria recebido do esquema R$ 200 mil diretamente de suas mãos.
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