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Notícias / Variedades

Jornalista Claudio Tognolli lança saga policial na rede

Folha de S. Paulo

Repórter com 30 anos de coberturas de todo tipo de crime, mestre e doutor em comunicação (com teses sobre psicanálise e biotecnologia), professor de jornalismo e guitarrista, Claudio Julio Tognolli é fiel à veia multiface em seu novo livro, "Balenciaga Torres & os Corações Pelludos".

O romance, disponibilizado para download gratuito no site da Editora do Bispo, é um amálgama pop-literário, um delírio reunindo ficção baseada em histórias reais, música, fotografia e narração de Milton Neves. As duas primeiras partes já estão no ar. As duas seguintes entrarão nas próximas semanas.

Tognolli nem define sua sexta obra como livro, mas como uma "plataforma", ou ainda um grande palimpsesto, no qual termos colhidos de 15 autores ao longo de 17 anos se sobrepõem e se enroscam ao enredo, que por sua vez já é "à clef", realidade travestida de ficção. Lita Guna é uma repórter policial que investiga a saga de um matador, o Balenciaga do título, e também quer aprender a matar. Logo na abertura, lê-se (e ouve-se, na voz de Milton Neves) uma notícia de jornal anunciando a morte dela.

As fotos são de João Wainer e Rui Mendes. A trilha musical foi composta por amigos do autor: Paulo Ricardo, Apollo 9, Thunderbird, Guilherme Isnard e Lobão. Muitos personagens são baseados em figuras reais da crônica policial já entrevistadas pelo autor, como a ex-mulher de um juiz condenado por corrupção ou o maníaco para quem "matar é como chupar sorvete" -frase que, no livro, vai para a boca de Balenciaga.

Outro exemplo da narrativa palimpséstica: "Como dois navios que se cruzam, juntos e já separados, nivelamos nossos destinos (...)". Segundo Tognolli, a primeira metáfora é de uma letra de Neil Peart, baterista do Rush, enquanto "nivelamos destinos" é emprestado de Jorge Luis Borges. Mas no pote há também Faulkner, Machado, Vargas Llosa e outros.

"Não quero as citações em si, mas destruí-las para criar uma coisa minha", diz Tognolli. No prefácio, o amigo Marcelo Rubens Paiva faz pirraça: "Viva Tognolli, que nos faz acreditar ainda no talento do brasileiro, candidato já ao Nobel. O mundo da literatura se dividirá entre antes e depois de seu romance. Mesmo sem lê-lo, atesto aqui, dou meu aval, podem ler, comprar e se lambuzar".

Difícil dizer se é deselegância pura ou fruto de uma amizade excêntrica, como a que une os coprotagonistas do romance.
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