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Magoado, Éder Luís faz pedido: ‘Espero que a torcida apoie o Atlético em 2010’

Terra

Vendido ao Benfica por quatro milhões de euros (cerca de R$ 10 milhões), o atacante Éder Luís, de 24 anos, já está em Lisboa. Antes de viajar a Portugal, porém, ele concedeu uma entrevista exclusiva à Rede Globo Minas, ainda em Belo Horizonte.

O jogador, que assinou por cinco anos com os portugueses, abriu o coração e não escondeu que foi embora magoado com a torcida do Galo, pois se sentia muito cobrado pelos alvinegros.

- Espero que não tenha isso na minha carreira de novo – disse Éder Luís, que estava no Atlético desde 2004.

O atacante, cujos direitos econômicos eram 50% do Atlético e 50% do grupo mineiro de supermercados Bretas, fez questão até de pedir à torcida que apóie incondicionalmente o time em 2010.

Certo de que estava precisando respirar mesmo novos ares, ele se diz feliz com a transferência, fala sobre o ex-rival e novo companheiro Ramires, e já sonha até com seleção brasileira. Confira.

Trajetória no Atlético
Tive momentos bons, momentos ruins. Normal. Dá para lembrar mais dos momentos bons que eu tive, desde a ascensão do Atlético (da Série B para A, em 2006), até fazer este ano uma campanha boa. Fico feliz. Não ganhei um título importante, mas o que eu pude fazer, eu tentei fazer. Agora, é dar sequência à minha carreira.

Momento marcante
O que marcou mais foi ter subido o time (em 2006). Foi quando tive oportunidade. Eu estava começando, ninguém me conhecia e o pessoal apostou. Dei a volta por cima e consegui subir o Atlético (para a Série A), de onde não deveria ter saído. Isso pra mim foi mais importante. Lógico que eu queria ganhar um título, mas se não tivesse subido, não ia estar brigando por Brasileiro, Libertadores... Sem dúvida, para mim a Série B foi muito importante.

Erro no jogo contra o Palmeiras
Eu avalio assim... Eu gostei (da temporada de 2009). Fui vice-artilheiro do time, era o atacante que estava dando mais assistências, jogava em outras posições, ajudava o time. Já dei muita entrevista falando daquele jogo contra o Palmeiras, em que tive a infelicidade de recuar para o Carini. Chutei o chão, e o Diego Souza teve a felicidade de acertar o chute. Depois daquilo ali, o gol. Muitos torcedores achavam que eu tinha que ir embora. Depois, você vem pra casa chateado, acha que não tem valor por causa de uma jogada. Ninguém vê o gol de empate, que eu dei o passe.

Ciclo no Galo
Acho que passou. Meu ciclo aqui chegou ao fim, já são cinco anos de Atlético. É importante que eu saia agora, porque se eu estivesse aqui no ano que vem, não ia estar feliz, ia entrar dentro de campo sabendo que iam querer me vaiar. Podia acertar 99 jogadas, mas uma que eu errasse iam vaiar. Foi importante o que eu fiz. Agora, quem sabe, futuramente possa voltar e dar sequência na carreira. Espero que as portas não se fechem. Não queria ter saído dessa maneira. Agora, é procurar o meu caminho noutro lugar. Graças a Deus, é um clube que abriu as portas pra mim, o Benfica, um clube grande que vai me dar projeção, principalmente para Seleção Brasileira.

Mágoa
Bastante, porque principalmente quando o time perde, (o culpado) era eu, o Márcio Aráujo, o Tiaguinho (Thiago Feltri). O time perdia e o Éder ficava com ciúme do Tardelli, e não tinha nada disso. E quando ganhava não era o Éder. Você é um jogador que vem sofrendo e, quando o time está bem, perde uma jogadinha e é cobrado diferente de todos... Mas isso é normal. É tentar esquecer. Vou procurar amadurecer com isso. Espero que não tenha isso na minha carreira de novo.

Pedido de paciência à torcida
(A torcida) pode ficar chateado comigo, mas tem que ter paciência. Se o time está em primeiro, se está zero a zero (no placar), ou até mesmo se estiver perdendo, (a torcida) tem que apoiar o time.

Reforços do Galo 2010
Esse Campos (Jairo, o zagueiro equatoriano), eu quase não vi jogando, mas o Leandro e o Muriqui fizeram um belo campeonato. O que precisam é de apoio. E eu tenho certeza de que a torcida vai apoiar. Não vai ser igual este ano. Espero que em 2010 seja diferente, porque são jogadores que precisam de apoio. Têm qualidade, têm, mas senão tiverem apoio de fora do estádio, fica difícil.

Mensagem para a torcida
Aprendi a gostar do Atlético, sou um torcedor do Atlético. Que pena que saio dessa maneira, mas espero que um dia possa refletir e, quem sabe, se as portas estiverem abertas, um dia possa voltar.

A negociação com o Benfica
Eu senti que a negociação ia dar certo, porque o pessoal que toma conta dos meus direitos me ligava. Só que o presidente (do Atlético, Alexandre Kalil) estava viajando e não falava nada. Mas a gente já tinha um acordo com o presidente. Ele já tinha sido muito aberto comigo. No meio do ano, ele não deixou eu ir embora, porque achou que a gente podia ganhar esse campeonato. Eu também achava. A gente largou mão de ir para fora pra esperar o fim do ano. E ele, com boa vontade, foi coerente. Estou muito feliz, realmente. Tenho que agradecer muito a ele. Espero que se um dia eu for voltar, que ele possa me receber de novo.

Adaptação ao futebol português
Vai ser bom, vai ser fácil de adaptar, principalmente minha família. A esposa chora, o filho começa a chorar... Agora, vou para um lugar onde muita gente está falando que eu vou gostar. Espero que eu possa me adaptar o mais rapidamente possível, para que eu possa render o máximo.

Ramires, o novo companheiro
Eu conheço o Ramires, que jogou aqui contra (o Atlético), agora vamos estar juntos. Espero que a gente possa estar em paz um com o outro, porque a rivalidade foi só aqui.

Proposta da Rússia
Tinha a Rússia (Lokomotiv e CSKA), na época era muito bom pra mim, só que como ele (Alexandre Kalil) achou que a gente poderia ter ganhado e que eu era útil ao time, me deu essa moral, já chegou pedindo para a torcida gritar meu nome, não ficar me vaiando. Essas coisas a gente considera. Então, achei que ele merecia meu respeito, que eu tinha que ficar aqui no time. Fiquei até onde deu. Ele entendeu isso e abriu as portas pra eu sair pela frente.
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