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Internet informa pouco e errado sobre obesidade, diz pesquisa

R7

Sites na internet informam pouco ou errado sobre obesidade, indica uma pesquisa realizada como tese de doutorado defendida no fim de dezembro na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília.

A pesquisadora Emília Vitória da Silva, integrante do Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos do Conselho Federal de Farmácia, levou cerca de dois anos para avaliar informações sobre obesidade em 134 sites, considerando fatores como a identificação do autor dos textos e as referências bibliográficas.

De acordo com Emília, a informação que trata de saúde na internet deve ser mais cuidadosa, pelo poder que tem de influenciar diretamente o estado de saúde dos leitores.

- Avaliei cada site em dois aspectos, de como a informação é apresentada e se a qualidade da informação era adequada. Ao comparar com a literatura médica, é importante dizer que em grande número de sites as informações estavam incompletas ou até mesmo incorretas. Em alguns casos, os sites estão mesmo mentindo para os internautas.

Além de avaliar 134 sites sobre o assunto que apareciam no topo dos sistemas de busca do Google e da Altavista, Emília também catalogou o conteúdo completo de 38 páginas na internet. Ela concluiu que somente 39% dos sites informam quem é o autor dos textos e 69% indicam qual é a instituição responsável. Já as referências bibliográficas sobre o assunto aparecem em apenas 14% das páginas. O estudo também revelou que 68% dos 134 sites investigados tinham caráter comercial.

O resultado preocupa porque, cada vez mais, as pessoas recorrem à internet para obter informações sobre saúde. Estima-se que 37% da população tenha acesso à rede de computadores no Brasil, dos quais 32% procuram informações ou serviços de saúde, indica a pesquisa. Nos Estados Unidos, oito em cada dez usuários buscam dados sobre o tema na internet e na União Europeia o índice chega a 70%.

- A obesidade é um assunto que está em evidência e muitas pessoas acabam lançando mão de terapias pouco convencionais e não seguras para emagrecer. Um texto de saúde publicado na internet deve ter o mesmo rigor de um artigo, com identificação do autor e da instituição que está por trás da informação veiculada.

Um exemplo de falha identificado no estudo são os sites que indicam a fluoxetina – medicamento usado em casos de depressão - para tratar obesidade. De acordo com Emília, a fluoxetina pode ser indicada como terapia adicional, mas somente quando a obesidade está associada à ansiedade.

Também é comum, mostra a pesquisa, as páginas omitirem informações sobre reações adversas e riscos da ingestão de determinadas substâncias. Uma delas, o tiratricol, droga semelhante a um hormônio produzido pela tireoide e usada em alguns tratamentos de câncer, pode provocar hipertireoidismo, problemas cardiovasculares, hipertensão e até infarto. Segundo Emília, a droga é proibida em vários países.

Na opinião da pesquisadora, as sociedades médicas no Brasil precisam fortalecer as relações de modo a construir sites que promovam o uso racional de medicamentos.

- A rede pode ser um poderoso instrumento de educação e isso não deve ser relegado a um plano secundário. Existem sites, como o da Abeso [Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica], que são bons, com informações qualificadas.
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