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Vitória de Chávez em referendo foi ''moderada'', avalia professor da Unicamp

ABr

 A aprovação da emenda constitucional que garante a possibilidade de reeleição ilimitada para presidente, prefeitos e governadores na Venezuela, em referendo realizado ontem (15), era esperada diante da mobilização social no país e do poder que o governo de Hugo Chávez detém. Mas a diferença de menos de dez pontos percentuais entre o sim e o não demonstra certa divisão do eleitorado venezuelano.

A avaliação é do professor de ciências políticas Valeriano Mendes Ferreira, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para quem a vitória de Chávez foi “moderada”. De acordo com o primeiro boletim divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o sim obteve 54,36% dos votos, enquanto o não registrou 45,63%.

Segundo Ferreira, era esperada uma diferença maior. “ Isso demonstra uma certa divisão do eleitorado. Nas condições em que o governo promoveu esse referendo, foi uma vitória moderada”, disse o professor hoje (16) em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.

Com a aprovação da emenda constitucional, Chávez pode se candidatar ao terceiro mandato em 2012. Logo após o anúncio do resultado, o presidente venezuelano discursou para o povo e reafirmou seu compromisso com os programas sociais.

A Venezuela, maior produtora de petróleo da América do Sul, atravessa uma situação econômica complicada pela queda dos preços do combustível, sua principal fonte de recursos.

Além disso, o país teve a maior inflação do continente, mais de 30% em 2008, segundo dados divulgados pelo Banco Central da Venezuela. A queda do dólar pode colocar em perigo os programas sociais do governo, de acordo com o professor.

“O grande drama é esse, porque a força do Chávez depende da distribuição de recursos, renda, benefícios e assistências. Se o dólar cair muito, ele [Chávez] vai ter muito menos recursos para fazer esse tipo de clientelismo que fazia antes. Então, são esperados vários indicadores sociais negativos.”

A oposição a Hugo Chávez aceitou a derrota no referendo, mas afirmou que vai trabalhar para ter um candidato forte nas eleições de 2012.
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