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Roberto Carlos tem o respeito dos rivais, mas briga pela lateral promete ser boa

Globo Esporte

O futebol brasileiro deu recentemente novo impulso à carreira de alguns jogadores, como foi o caso de Adriano, do Flamengo, por exemplo. Roberto Carlos, de 36 anos, voltou ao país no início do ano e, tentando aproveitar a onda favorável, declarou que brigará para disputar a Copa da África do Sul. Apesar da idade, o pentacampeão do mundo conta com o respeito dos demais concorrentes. Mas só com o respeito, porque ninguém desistirá facilmente do sonho de disputar o Mundial.

Roberto Carlos nunca foi unamidade na seleção brasileira. Nem mesmo quando conquistou títulos. Mas é inegável que sua história com a amarelinha tem relevância. Muitas vezes elas se misturam. Mas para os seus "inimigos", ele é uma inspiração. Tão grande que ninguém se importa com a sua presença na briga ou com um possível favoritismo.

- Ele foi uma referência. Quando comecei, era o melhor jogador da posição. Ficou por muitos anos como o melhor. Tive outras, como Branco, Leonardo, Serginho, Sylvinho, todos jogadores que me deram uma base de como atuar pela lateral. Roberto Carlos dificilmente se machuca, conta com um físico bom, um porte que mantém desde que começou a jogar. Tem todas as condições. É mais um que entra na briga. Se mostrar que tem ânimo, vontade de vestir a camisa da seleção, será bom para o Brasil - analisou o lateral Kléber, por telefone.

André Santos falou com a mesma admiração, em entrevista por telefone. E ele tem base para isso, pois trabalhou com Roberto Carlos na segunda metade do ano passado no Fenerbahçe e acompanhou o "rival" no dia a dia. Mas deixou claro que não vai recuar para deixar o ídolo passar.

- Respeito e admiro muito o Roberto Carlos, foi e é um espelho para mim, mas particularmente penso que tenho de fazer o meu trabalho. Tive o prazer de jogar com ele aqui no Fenerbahçe, e aprendi muito, me deu dicas sobre seleção brasileira e o mundo do futebol - afirmou.

A lateral esquerda é a grande dor de cabeça de Dunga na seleção. Recentemente, ele tentou muitos nomes, a maioria sem agradar. No desespero pela solução, chegou até mesmo a improvisar. Daniel Alves andou sendo utilizado por ali na Copa das Confederações, e o meia Alex atuou parte de um amistoso mais recuado.

Marcelo não é convocado desde o início do ano passado, mas espera estar no Mundial
Marcelo, do Real Madrid, não desistiu do sonho de disputar o Mundial, apesar de a sua última convocação ter sido para os jogos contra Equador e Peru, em março e abril do ano passado, pelas eliminatórias. Otimista, ele elogia Roberto Carlos e diz que os testes de Dunga não acontecem apenas por causa do mau desempenho dos que passam pela lateral esquerda.

- Às vezes, não é que os testes não foram bons. É preciso lembrar que existe uma forte concorrência, com muitos em condições de jogar. O Dunga está apenas observando, para escolher os melhores. Roberto Carlos, por exemplo, é mais um desses. Acima da média. Potencial ele tem e, caso volte, não será pelo nome, já que o Dunga não convoca jogador pelo nome, mas pelo que faz dentro de campo. E a experiência de três Copas do Mundo é mais um fator positivo - disse o jogador do Real Madrid, por telefone.

Outro candidato de respeito se coloca à disposição. Fabio Aurélio chegou a ser chamado por Dunga no fim do ano passado para os amistosos no Oriente Médio, depois de um bom período pelo Liverpool, mas uma lesão na panturrilha impediu a sua apresentação. Por telefone, ele analisa.

- Estava há muito tempo afastado (último jogo oficial foi pela seleção nos Jogos Olímpicos de 2000) e contava com esses dois jogos em 2009 para marcar presença e, quem sabe, continuar no grupo. Mas a lesão me tirou essa chance. Quero voltar e disputar a Copa, mas acho muito difícil, porque o grupo está praticamente fechado. O Roberto Carlos tem chance, como todos. Estar no Brasil, perto da imprensa e do Dunga, pode ajudar. Ele tem capacidade técnica e condição física. Mas terá de mostrar isso nesses próximos seis meses - analisou.

Filipe Luís chegou a ser titular no ano passado A procura de Dunga pelos nomes certos abriu as portas da seleção para jovens e, algumas vezes, desconhecidos. Filipe Luiz, lateral do La Coruña e eleito o melhor lateral-esquerdo da Liga Espanhola pela Uefa, é um deles. Michel Bastos, do Lyon, é outro. Ambos estiveram com a seleção recentemente. O GLOBOESPORTE.COM procurou a dupla, mas só conseguiu falar com o jogador do Depor.

- A lateral esquerda é muito criticada, mas grandes jogadores passaram por ali. O principal para a seleção é defender bem, para depois ajudar no ataque. Aprendi muito lá e quero voltar, ainda mais para disputar a Copa. Mas sei que é difícil e ficará ainda mais complicado agora, com o Roberto Carlos na disputa. Ele é o melhor lateral-esquerdo de todos os tempos. Jogou dez anos no Real Madrid, em um nível altíssimo, e ganhou muitos títulos. Se for chamado, ajudará muito o Brasil - disse.

Restam seis meses para o início do Mundial. E a seleção terá apenas uma data Fifa pela frente, em março, quando enfrentará a Irlanda, em Dublin. A escassez de amistosos aumenta a pressão por bons desempenhos nos clubes.

- É sempre importante ir bem no clube. Jogador nenhum é convocado se não estiver atuando em bom nível. É claro que com apenas um amistoso complica, porque sabemos que o Dunga valoriza a relação entre jogadores e comissão técnica nos períodos em que a seleção está reunida. Mas não podemos pensar nisso, até porque não é possível saber se ele utilizará o amistoso para testar alguém ou dar entrosamento ao time. Eu, por exemplo, vou me concentrar no desempenho e deixar o resto acontecer naturalmente - afirmou Fabio Aurélio.
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