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Notícias / Meio Ambiente

Terremotos de forte magnitude ocorrem 17 vezes por ano, estimam especialistas

G1

Terremotos com magnitude igual ou superior aos 7 graus na escala Richter, como o que atingiu o Haiti no dia 12 de janeiro, são mais comuns do que se pensa. De acordo com estimativa do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), 17 tremores entre 7 e 7.9 ocorrem todos os anos no mundo.

Acima disso, o órgão estima que pelo menos um terremoto com magnitude de no mínimo 8 seja registrado anualmente. Terremotos de entre 6 e 6.9 são mais de 130 por ano. “Existe uma regra”, diz o sismólogo e professor do Laboratório de Sismologia da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Barros. “A freqüência da ocorrência do fenômeno é inversamente proporcional a sua magnitude. Ou seja, quanto maior a magnitude, menor é o número de vezes que o terremoto vai ser registrado em um ano.”

Se terremotos mais fracos e até mesmo os de média intensidade acontecem às centenas todos os anos, o que acontece então para que nem sempre esses eventos se tornem de conhecimento público?

De acordo com o sismólogo da UnB, a profundidade em que esses tremores ocorrem é determinante para que nem fiquemos sabendo que eles estão ocorrendo. “Os tremores podem ter origem até mais de 100 quilômetros de profundidade”, explica.

Nesses casos, o tremor nem é sentido. Em 2007, por exemplo, um terremoto de magnitude 6.1 atingiu a região amazônica. O epicentro do terremoto ocorreu a 100 quilômetros do município de Cruzeiro do Sul, no Acre, segundo informações do Observatório de Sismologia da UnB.

A profundidade, no entanto, em que ele ocorreu foi de nada menos do que 600 quilômetros abaixo da superfície. Talvez por isso, a maioria das pessoas nem se lembre do fato. Diferente do que ocorreu no Haiti neste mês, os tremores na região amazônica são geralmente em grandes profundidades. No país caribenho, o tremor foi registrado a apenas 10 quilômetros da superfície.

Previsão

A freqüência da ocorrência do fenômeno é inversamente proporcional a sua magnitude.
A crosta da terreste é constituída por cerca de uma dúzia de grandes placas tectônicas (ou litosféricas), delimitadas por grandes falhas e profundas fossas oceânicas. O movimento da camada mais externa da Terra, mesmo que sejam só poucos centímetros por ano, produz tensões que vão se acumulando em vários pontos.

Dependendo das características físicas das placas, do ângulo e da velocidade dos impactos, a trombada pode provocar o mergulho da placa mais densa sob a outra, o enrugamento e elevação das bordas das duas placas ou o deslizamento lateral entre ambas.

Mesmo muito já se sabendo sobre as placas tectônicas, suas localizações e seus comportamentos, prever a ocorrência dos terremotos é algo virtualmente impossível.

De acordo com Barros, não se trata de falta de tecnologia ou de investimentos em pesquisas. Simplesmente é impossível fazer uma previsão exata de quando um terremoto vai acontecer porque também impossível fazer a observação das variáveis que incidem sobre o fenômeno.

O máximo que os cientistas podem fazer, com o auxílio do GPS, é medir a velocidade com que as placas se aproximam ou se afastam umas das outras. “O que existe é uma previsão de probabilidades”, diz Barros. “Podemos afirmar que dentro de um determinado período existe a possibilidade de acontecer um terremoto. Prever exatamente é impossível.”

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