Especialistas em mídias sociais dizem que os participantes da décima edição do BBB (Big Brother Brasil) - a primeira que permitirá acesso deles ao Twitter - que são famosos nas redes sociais contam com uma vantagem competitiva em relação àqueles que só possuem vida social no mundo offline (fora da rede). Mas essa vantagem só dará resultado se eles contarem com a ajuda de seus seguidores no microblog.

Para quem trabalha ou estuda as redes sociais, já havia uma euforia desde metade do ano passado em relação ao Twitter, que tende a aumentar com o reality show da TV Globo, porque muita gente vai querer fazer parte da rede de uma pessoa famosa.

Alessandro Barbosa Lima, presidente-executivo da E.life, empresa especializada na monitoração e análise de mídias sociais na América Latina e Portugal, conta que o fato de Tessália ter tido muitos seguidores - eram 100 mil, hoje ela tem pouco menos de 37 mil por causa de uma invasão ao seu perfil, no começo de janeiro - é uma vantagem competitiva. O que não quer dizer que ela ganhe o prêmio de R$ 1,5 milhão.

- Ela pode ter mais de 100 mil seguidores, mas isso é muito pouco no universo do Big Brother. Ela só leva vantagem mesmo se os seus seguidores fizerem uma campanha na internet a favor dela (para evitar que ela vá para o paredão ou para que seja a menos votada) que se traduza em ligações.

A blogueira profissional Carolina Frederico, que também dá consultoria de redes sociais em Nova York, concorda. Para ela, "quem é legal no Twitter também será na TV", porque quem é querido no Facebook ou no Orkut, por exemplo, não fala só de si mesmo, quer saber se todo mundo está bem, como faz um verdadeiro anfitrião. Apesar de no computador o twitteiro ou usuário de Orkut ter mais tempo para pensar antes de escrever e ocultar reações, e na TV ser o contrário - "o computador te protege, a TV te expõe"-, ela conta que famosos virtuais como Tessália têm uma vantagem que os outros não têm.

- Quem conseguiu reunir mais de 100 mil seguidores no Twitter vai saber se engajar, manter a conversa rolando. Duvido que ela vá fazer algo muito estúpido. Os twitteiros são vencedores potenciais se souberem manter o tempero que tinham na web, se souberem ser eles mesmos. Afinal, quem tem muitos seguidores tem algo diferente no jeito de se expressar que agrada os outros.

Carlos Tavares, gerente de mídia social da Dudinka, agência focada na criação de campanhas e ações colaborativas e participativas nas redes sociais, discorda dos colegas de profissão. Para ele, o BBB deverá popularizar ainda mais o Twitter porque "o mais importante para um fã é falar que segue uma pessoa famosa", mas não dará mais vantagem a quem era famoso no microblog ou no YouTube. Carlos, que segue o Twitter de perto (mas o BBB nem tanto assim, por falta de tempo), conta que o microblog ainda é muito elitista.

- O Twitter ainda não é uma mídia de massa. É formado por pessoas que se consideram a inteligência da internet. Não acho que eles tenham vantagem sobre os outros participantes porque, no microblog, a maioria fala mal da Tessália e do Sergio, que não são considerados inteligentes. Se eles pudessem usar a conta deles no Twitter (não da do Twitter do BBB), aí, sim, teriam vantagem.

Se os famosos vão ou não vencer só os paredões dirão. Mas uma coisa é certa: os reality shows nunca mais serão os mesmos depois da chegada dos famosos da internet. Tanto que alguns especialistas em redes sociais lá fora já falam que nos próximos anos os reality shows na TV serão subtituídos por reality shows em redes ou mídias sociais.

Como serão, ninguém ainda sabe, mas já existem algumas propostas, como a de colocar algumas pessoas em um apartamento totalmente envidraçado e usar as ferramentas das redes sociais para contar as histórias pelo Facebook ou pelo YouTube.

À medida que, a cada dia, aumenta o grau de privacidade na maioria das redes sociais, só aquelas pessoas que quiserem aparecer é que vão topar (ou fazer questão) de expor suas vidas ao grande público da internet - e esta poderá ser a nova geração dos BBBs.